Apresentações de música, teatro de bonecos, bumba meu boi e orquestra marcaram o encerramento da II Feira da Agricultura Familiar, Povos Tradicionais e Economia Solidária do Piauí, realizada no Espaço Rosa dos Ventos, na Universidade Federal do Piauí, em Teresina. O evento promoveu a conexão entre a população da cidade e do campo.
Abrindo as apresentações de encerramento deste sábado (15), a Companhia Calunga de Teatro e Bonecos, garantiu a diversão de crianças e adultos. Com 35 anos de trajetória e apresentações por todo o Brasil, e até fora dele, os artistas misturaram humor, poesia e conscientização através de uma apresentação com bonecos. Por volta das 18h, foi a vez do grupo de Bumba Meu Boi Imperador da Ilha, brilhar no palco terreiro, trazendo ao público a força da identidade, ancestralidade e memória da região norte e nordeste do Brasil.
No palco Telmira, às 19h, foi o momento de apresentação da Orquestra Rosa dos Ventos. Formada exclusivamente por musicistas mulheres, a orquestra prioriza a qualidade artística em cada execução e promove a equidade de gênero no cenário musical do estado.
Fechando a noite com muito baião, xote e forró pé-de-serra, a alegria ficou garantida com a apresentação de Chambinho do Acordeon, atração mais esperada da noite. O artista subiu ao palco Telmira por volta das 21h, e embalou um público diverso, composto por homens, mulheres, crianças, idosos e muitas famílias. A volta do cantor e sanfoneiro, que se apresenta pela segunda vez no evento, foi esperada com ansiedade pelos presentes.
Reconhecido por sua trajetória dedicada à valorização da cultura nordestina e por interpretar Luiz Gonzaga no cinema, Chambinho do Acordeon, celebrou o trabalho e a identidade dos agricultores familiares, povos tradicionais e empreendedores da economia solidária que participaram do evento.
Diversidade
Em meio às apresentações de encerramento, a diversidade também podia ser percebida entre os mais de 200 agricultores, empreendedores e expositores vindos de diversas regiões do Piauí, como a Valdineide de Sousa e sua mãe, Maria da Conceição de Sousa, a cacica Dan, ambas da etnia Akroá-Gamella. Elas moram no assentamento Santa Teresa, que fica há 22 km de distância da cidade de Uruçuí. Para a feira, elas trouxeram doces, frutas, legumes e xaropes.
“Essa é segunda vez que participamos da feirinha da agricultura familiar. Os povos originários foram convidados, e a cacica Dan foi uma das homenageadas no primeiro dia de evento. Nossa saldo de vendas, do primeiro ao último dia, foi muito bom. Tudo está sendo positivo: desde o acolhimento da organização, até o evento como um todo, sejam as apresentações, sejam as vendas”, concluiu a indígena.
Levando ao pé da letra a ideia sustentável do evento, Elício de Sousa, de 43 anos, levou para a feira um trabalho transformador: canecas ecológicas e itens decorativos, feitos a partir de latas de refrigerante recicladas. “Eu sou cabeleireiro, mas sempre gostei de arte. Conheci a reciclagem e isso me despertou a curiosidade de aprender e produzir. Fui fazendo, as pessoas foram gostando, comprando e hoje é o que faço para complementar a renda e está dando certo”, disse o artista.
A adolescente Talita Karen, de 15 anos, também participou da feira. As flores e plantas variadas de sua banca, são cultivadas e vendidas por ela e sua mãe, que fazem parte de uma floricultura formada somente por mulheres empreendedoras na zona Sudeste de Teresina. “Adoramos o evento. Vendemos bem, tivemos um bom lucro e estamos fortalecendo a mensagem do nosso projeto, que já passa de mãe para filha, e tem esse objetivo de mostrar para a mulher que ela pode sim ser independente e seguir o caminho que quiser”, observou a estudante.
Resultados positivos
A secretária da pasta da Agricultura Familiar do Piauí, Rejane Tavares, avaliou a feira como um sucesso, devido à geração de renda e ações sustentáveis aplicadas no evento. “Foi um espaço de muita troca. Tivemos quase 300 agricultores e expositores que puderam conhecer as produções um do outro. Houve um bom público, as vendas foram muito boas e sobretudo, foi um espaço de muito conhecimento através das oficinas e palestras com a participação dos povos do semiárido, e comunidades tradicionais. Nesse encontro tivemos discussões sobre agroecologia, mudanças climáticas, estratégias de convivência com o semiárido, juventude rural e debates sobre inovações tecnológicas na agricultura familiar. Saímos com saldo positivo, satisfeitos e felizes com tudo o que foi feito”, ressaltou Rejane Tavares.
De acordo com a secretária, o balanço geral do evento, relacionado aos números de comercialização, deverá ser divulgado nos próximos dias. A II Feira da Agricultura Familiar, Povos Tradicionais e Economia Solidária do Piauí é uma promoção do Governo do Estado do Piauí, por meio da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), do Consórcio Nordeste e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
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