Para o agricultor familiar, o maior desafio é vender a produção. E é nessa hora que a união em associações e cooperativas mostra sua força prática, atuando como uma verdadeira escola para o negócio agrícola, ensinando os associados a negociar e a entender os mercados. Na II Feira da Agricultura Familiar do Piauí, que encerra neste sábado, muitos dos expositores estão ligados a entidades e destacam a importância da união de forças para fortalecer o setor.
"O segmento da agricultura familiar está cada vez mais organizado. Sem o vínculo com uma associação ou cooperativa, o acesso a editais, feiras e programas governamentais se torna muito mais difícil", ressalta Edinalva Costa, presidenta da Unisol Piauí e consultora em cooperativismo.
Segundo ela, o projeto Piauí Sustentável Inclusivo (PSI), desenvolvido pela Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), atende 218 associações e 10 cooperativas. "São milhares de famílias sendo beneficiadas com estruturação produtiva. Outro programa, o REDICOP, fortalece cooperativas com recursos e elaboração de planos de negócios. "Essa forma de organização leva essas pessoas ao acesso às políticas públicas", reforça.
Este modelo de cooperativismo defendido por ela tem um viés específico: o da economia solidária. "É uma produção e uma comercialização justas, sem explorar ninguém, sem explorar a natureza", define. "É um contraponto a um cooperativismo puramente capitalista, priorizando a inclusão e o respeito às pessoas e ao meio ambiente".
A consultora ressalta ainda que os benefícios se estendem também à produção. "Os pequenos produtores podem fazer a compra coletiva de equipamentos, por exemplo, que barateia os custos. A organização permite a criação de agroindústrias para beneficiar produtos como caju, buriti e coco babaçu, agregando valor e exigindo embalagens adequadas e boas práticas".
Na prática, a vida muda
A agricultora Aurilene Barbosa, da Associação Agroextrativista de Cabeceiras, em São João do Arraial, conta que, desde que entrou na associação em 2016, consegue vender tudo o que produz. "Consigo comercializar de tudo: azeite de coco babaçu, frutas, galinha, ovo, cheiro verde". Ela diz que consegue fazer até um salário por mês, o que melhorou sua qualidade de vida.

Para Emanuela Pereira, de Piripiri, cooperada da Cooafruti, a mudança também foi significativa. Começando em 2011 com uma horta e doces caseiros feitos de frutas do quintal, como caju e acerola, ela viu sua realidade se transformar. "Depois de ser cooperada, a gente começa a ver o mundo lá fora, começa a compreender que tecnologia não é apenas maquinário, mas também a forma de organização, a embalagem adequada e a certificação, que agregam valor ao produto", avala.
Ela se diz feliz pelo apoio dos governos federal e estadual, que fortalecem a agricultura familiar e resgatam a importância dos quintais produtivos, uma prática antiga que ganha novo valor.
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