Teresina (PI) - É cada vez maior e marcante a presença feminina na indústria. No Dia Internacional da Mulher, é notável como elas trilham o caminho industrial e têm conquistado posições de destaque, como é o caso da engenheira de alimentos, Rosana Santos. Ela atua na indústria do setor alimentício do estado, e sua trajetória profissional reflete a superação e conquista em uma área predominantemente masculina.
Ela conta que quando iniciou a carreira, há dez anos, a maioria dos cargos eram ocupados por homens. Mas hoje, 45% do quadro de funcionários da indústria em que atua, a Piauí Milhos, são formados por mulheres. Atualmente é a Gerente do Controle de Qualidade, e atua em todas as linhas de produtos da empresa. Para Rosana, a confiança adquirida através de seus conhecimentos permitiu que suas propostas de melhorias fossem acolhidas pela gestão.
"Eu, como profissional em um ambiente majoritariamente masculino, me sinto assertiva nas minhas decisões, pois acredito que meu desempenho profissional não tem nada a ver com minhas características biológicas e sim com os conhecimentos e empenho que adquiri ao longo da minha trajetória profissional”, destaca a engenheira.
MULHERES NA LIDERANÇA
Dados do Observatório Nacional da Indústria revelam um aumento significativo na participação de mulheres em cargos de liderança, passando de 35,7% para 39,1% entre 2013 e 2023. Para a diretora de meio ambiente do Centro das Indústrias do Piauí, Betina Costa, o Dia Internacional da Mulher nos convida a lembrar as conquistas, os avanços e os desafios que ainda persistem no mercado, inclusive na indústria.
“Nós, mulheres, temos nos destacado cada vez mais nos mais diversos setores da economia. No entanto, a presença feminina ainda é bem pequena na indústria. Estou no CIEPI como associada há alguns anos, e percebo a presença mínima de mulheres nas reuniões. É de fundamental importância nossa atuação na indústria, inclusive em associações como o CIEPI”, afirma Betina Costa.
A ausência dessas mulheres atuando em alguns setores também reflete os desafios que as mesmas encontram para se manter ativas e competindo no mercado de trabalho como um todo. Como diretora, Betina aborda os desafios de conciliar a vida pessoal, sobretudo, a maternidade com o trabalho.
“Sei que um dos maiores desafios pessoais para nós, mulheres, é equilibrar trabalho e vida pessoal, impactando nossas decisões sobre maternidade e família. Sou mãe de três crianças, Joaquim de 13, Catarina de 8 e Benício de 6 anos, e venho conciliando profissão, maternidade e aprendizado contínuo. Nós, mulheres, muitas vezes, temos múltiplos papeis, assumindo assim, diversas responsabilidades. Avançamos para o mundo do trabalho, acumulando atribuições que deveriam ser compartilhadas em família”, disse Betina.
Como profissional de engenharia de alimentos com mais de 10 anos de atuação na indústria, Rosana Santos afirma que o setor industrial é muito promissor para as mulheres que desejam crescer na carreira.
“Meu primeiro emprego foi aqui, na Piauí Milhos, onde atuo há mais de 10 anos. Para as mulheres que querem atuar na indústria de alimentos, ou em qualquer outra indústria, eu incentivo, pois é um mercado bastante promissor”, afirma.
Apesar da participação feminina ainda minoritária, a tendência tem sido de crescimento, como apontam os dados do CNI, feitos a partir do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que demonstram que nos últimos 10 anos, no Brasil, as mulheres, progressivamente, alcançaram salários mais próximos aos dos homens.
Além disso, a diversidade de gênero nas organizações também impacta positivamente na inovação e no crescimento das indústrias. Betina Costa ressalta a importância das mulheres em posições de lideranças para a construção de oportunidades iguais.
“O 8 de março é um dia para relembrarmos que ainda temos muito a avançar culturalmente, a ponto de transformar crenças sobre os papeis e responsabilidades de homem, da mulher, de cada humano. Ter mulheres em posição de liderança é crucial para pensarmos em estruturar caminhos de solução à realidade, não com igualdade, porque não somos iguais, mas com equidade, considerando nossas singularidades. Precisamos de mais mulheres atuando dentro de organizações e associações profissionais, fomentando a diversidade de olhares e fazeres, abrindo portas para tantas outras mulheres por meio da empatia. Esse é o significado de diversidade que gera inovação. A criatividade para inovar vem do diálogo constante das diferenças, não como oposições extremas, mas complementações a partir de diferentes pontos de vista, com experiências, vivências, histórias as mais diversas”, afirma Betina.
Fonte: Ascom