![Lula, Manoel Meireles e Ribamar Santos](https://piauihoje.com/uploads/imagens/whatsapp-image-2025-02-10-at-10-12-02-1739194139.jpeg)
É isso mesmo que você está lendo, pode acreditar. O grande educador brasileiro, consagrado dentro e fora do país, cogitou escrever livro sobre um conterrâneo nosso. Quem era ele? Essa deve ser a pergunta que passa pela cabeça do leitor agora. Digo apenas, pra aumentar o suspense, não se tratar de nenhum figurão das elites locais. Muito ao contrário. Era uma pessoa simples, de poucos estudos, mas de uma sabedoria impressionante. Um intelectual popular, nascido no seio do povo sofrido. Daqueles que aprendem tudo rapidinho, com experiência própria, a exemplo da sábia lição do mestre recifense: “A leitura do mundo precede a leitura das palavras”.
O educador Paulo Freire
Ainda não descobriu quem é? Vamos lá, então, destacar outras pistas. Ele era um pequeno comerciante no Saci, bairro da periferia de Teresina. Colaborou com a fundação de diversos sindicatos no estado, tanto rurais quanto urbanos. Sem falar de instituições não governamentais, tais como a FAMCC (Federação das Associações de Moradores e Conselhos Comunitários do Piauí) e a AMOR (Associação de Mulheres Organizadas). Falando em público, encantava a todos com seu linguajar didático e enfático. Quer com megafone, microfone ou no gogó mesmo, a paulada era certeira no lombo dos que insistem em algarismar os amanhãs.
Não deu ainda pra adivinhar? Eis algumas dicas mais quentinhas pra você acertar. Ele foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores no Piauí. Circulou o estado de ponta a ponta levando esperança, sentimento de justiça e defesa da democracia aos excluídos na “terra querida, filha do Sol do Equador”. Em 1982, ousou enfrentar, como candidato do PT ao governo estadual, dois medalhões da política local: Alberto Silva e Hugo Napoleão. Embora tenha obtido a pífia votação de 5.814 votos, menos de 1% do eleitorado, ele defendeu com brilhantismo e garra as bandeiras do partido. Na época, o preconceito venceu a inclusão social. Mas ali nasciam, ninguém duvida hoje, os frutos que brotariam nas eleições de Wellington Dias, Regina Sousa e Rafael Fonteles.
Trata-se de José de Ribamar Santos, mais conhecido por Ribamar Santos ou, simplesmente, Ribamar. No meio político, era conhecido também, dada sua identificação com o partido, por Ribamar do PT. Pois bem, em pouco tempo de conversa entre os dois, na sede da agremiação, localizada à rua Coelho Rodrigues, Paulo Freire expressou a intenção, depois de ouvi-lo atentamente, de escrever um livro sobre a rica experiência do piauiense. Estava maravilhado com tamanha inteligência, lucidez política e, sobretudo, com a visão crítica da realidade nacional. Alisando a barba grisalha, não poupou elogios ao Ribamar, afirmando que o Brasil precisava conhecer sua história de vida e de educação popular. Pena a ideia não ter se concretizado.
Antônio José Medeiros, Luís Eduvirgens, Ribamar Santos e José Valério. Foto: Nassar Jadão.
Quando ocorreu isso? Difícil precisar o ano com exatidão. Talvez entre 1986 e 1987, quando o autor da Pedagogia do oprimido veio participar, no ginásio Verdão, do Tribunal do Menor. Petista de carteirinha, fez questão de visitar a sede do partido e bater um papo com a companheirada. A amável surpresa foi conhecer pessoalmente, disse ele, uma figuraça humana da grandeza do Ribamar Santos. E mais não acrescentou por ser desnecessário.
![Wellington Soares](https://piauihoje.com/timthumb.php?src=/uploads/secoes/whatsapp-image-2023-02-06-at-19-12-52-1675726028.jpeg&w=180&h=180&a=t)