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Liberais amam Adolf


Berlim

Berlim Foto: Divulgação

“A época de sua entrada na política situou-se inteiramente sob o signo burguês liberal...”. Achavam que ele era um mero “fantasista”. Chamavam-no de “louco”. E assim a vida seguiu. Até a hecatombe.

Brasil? Até parece a “repetição” aqui dessa espécie de farsa, no plano de acontecimentos absolutamente reais.

Adolf Hitler tomou o poder com o apoio dos liberais de sua República e do mundo inteiro. O nazismo não seria a aberração infame que foi e é sem o respaldo da ideologia liberal, o apoio dos seus práticos.

Mas o que se tem dado por democracia nos últimos séculos não é a experiência desse liberalismo prático, triunfante no Dezenove, filho das gestações do Dezoito? Como é possível triunfarem nesse ambiente o nazismo e outras formas repugnantes de alcançar o Poder e parir ditaduras?

A história até aqui estudada evidencia o modo como o nazista Adolf fez um partido, nele montou e assumiu a direção da Alemanha com forte respaldo do chamado “mundo livre”, operando com as instituições alemãs, “com tudo”. Escolhido em eleições festejadas como expressão da democracia, segundo o referido sistema liberal.

Por que os liberais colocaram Hitler no poder? Por zelo ao liberalismo encarnando os valores da liberdade, da igualdade, da justiça? Leitura e resposta rápidas: não, e sim. Como pode? Pode.

Não: liberais em geral sabiam que ele não encarnava liberdade, justiça  e República. Seu projeto menosprezava tal ordem de valores. Mas os liberais amaram e empoderaram Hitler para, em seu favor, ferir a Rússia revolucionária, viçando a revolução bolchevique, proclamando um poder comunista.

Sim: hordas de ignotos, desinformados, achando que ele era um “salvador” contra políticos, corruptos, os de sangue impuro, ateus, a ordem... Todos também manipulados contra a simbologia da tomada do poder na Rússia, a estatização em massa de empresas, de escolas, dos tratamentos de saúde, da propriedade da terra, das roças...

Hitler deu no que deu, “mito”-chefe do eixo nazifascista. Depois os liberais se “aliam” para varrer o próprio do mapa, eliminar o “monstro” que criaram. E se querem ainda hoje e se inventam os benfeitores da liberdade, democracia e justiça.     

Aqui no trópico, oito décadas após esses episódios por lá, a transfiguração do nazi-fascismo, levada a efeito pela mesma força liberal – neoliberal –, toma o poder pela violência da ruptura institucional e a manipulação de milhões de ignotos figurantes com uma maquininha “moralizando a nação”. Liberais, reais e reles oportunistas, numa repetição-bufa, instalam no mando máximo do país um fantoche tosco do Fuher, uma figura pessoalmente infame; abominação sob qualquer título.

Lá, a repulsa liberal e do sistema do K ao avanço da Rússia e as projeções de uma democracia socialista. E cá, o ódio ao PT e a seu Líder; ódio a pobre, propensão a ferir a população que tem a cor da hedionda escravidão. O Brasil não tem liberais, senão caricatas “piaras submissas” e figurantes das relações de força gestadas nos processos de colonização.

Cá, a abominação fuheresca é o ícone dos porcos-chauvinistas em geral, da extrema direita; das facções criminosas que se fazem partidos e “bancadas” da bala, da “bíblia” e do boi. A abominação fuheresca aqui é a filha dileta, pura, do núcleo da violência dos corruptos insanáveis. Dos sanáveis, também.

            No dizer de L. F. Veríssimo, o Brasil apatifa-se. É apatifado. “O apatifamento de uma nação começa pela degradação do discurso público e pela baixaria como linguagem corriqueira, adotada nos mais altos níveis de uma sociedade embrutecida. Apatifam-nos pelo exemplo. Milícias armadas impõem sua lei do mais forte e mais assassinos com licença tácita para matar...”.

Ladeira abaixo enquanto projeto humanitário no que historicamente se tem chamado de “civilização”, o Brasil sucumbe à ditadura dos financistas parasitas, entrega-se às outras nações, renuncia ao existir independente. Milhões do povo, no estado de analfabetismo político doentio, acham graça nas piruetas e “debatem” com rios de tinta as artes diversionistas do Inominável.  

Fonte: Fonseca Neto, da APL.

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Fonseca Neto

Fonseca Neto

FONSECA NETO, professor, articulista, advogado. Maranhense por natural e piauiense por querer de legítima lei. Formação acadêmica em História, Direito e Ciências Sociais. Doutorado em Políticas Públicas. Da Academia Piauiense de Letras, na Cadeira 1. Das Academias de Passagem Franca e Pastos Bons. Do Instituto Histórico e Geográfico do Piauí.
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