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Vamos parar de queimar dinheiro

O baixo desempenho dos estudantes – mesmo os de escolas particulares – evidencia que o Brasil está queimando dinheiro agora

Alvaro o Mota

Domingo - 17/12/2023 às 07:00



Foto: Escola Luminova Estudantes se preparam para o ENEM
Estudantes se preparam para o ENEM

Há uma expressão popular segundo a qual, doido é quem rasga dinheiro. Toma-se a loucura pelo sentido literal da frase, que vai perdendo seu sentido na medida em que o mundo já não tem dinheiro para ser fisicamente rasgado. Porém, essa sabedoria mantém-se possível de ser aplicada de modo conotativo, o que lhe confere muitas possibilidades de uso. Uma delas é a de não cuidar da educação das gerações atuais. 

Acaba de sair o resultado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) que avalia o desempenho dos estudantes em suas capacidades para leitura, matemática e ciências. O Brasil apresenta números ruins, com sete em 10 estudantes de 15 anos com aprendizado baixo em matemática.

O baixo desempenho dos estudantes – mesmo os de escolas particulares – evidencia que o Brasil está queimando dinheiro agora, porque os ensinos público e privado não conseguem fazer os jovens aprenderem adequadamente. Mas queimamos dinheiro no futuro, porque sem boa formação, quem estuda em condições inadequadas vai ser menos produtivo. A economia perde sem pessoas qualificadas. 

Todos – governo, empresas, famílias, partidos políticos, sindicatos etc. – sabem que o insucesso educacional dos brasileiros condena o país a crescer menos ou até mesmo a não crescer no futuro. Quando menos se avança em níveis de aprendizado, mais queimamos ativos futuros, ou seja, jogamos dinheiro no fogo.

É um dever das atuais gerações cuidar para que a educação deixe de ser um discurso para ser uma ação real. Não sabem debates infrutíferos ou carregados das escolhas pessoais, partidárias e ideológicas, porque não se pode jogar com o futuro das pessoas e do país a partir de escolhas pontuais. Educação, para o bem ou para o mal, é projeto. Se perdemos tempo, energia e dinheiro só na discussão, comprometeremos seriamente o nosso futuro.

Há muitas saídas, soluções inteligentes, testadas e aprovadas em várias partes do mundo; há escolas e redes brasileiras de educação com bons desempenhos; há projetos e programas exitosos que tornaram o ensino mais atraente e produtivo.

Não há demérito em simplesmente replicar ou adaptar à nossa realidade educacional ideias, programas e ações que deram certo. Muito menos meritório é nada fazer ou fingir que se faz. Melhor copiar o que é bom e funciona do que seguir com notas vermelhas e uma crescente perspectiva negativa de futuro.

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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