Olhe Direito!

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Sabedorias populares

O primeiro destes ditados é muito nosso, piauiense da gema.

Alvaro Mota

Quinta - 04/02/2021 às 14:50



Foto: Divulgação “quem não pode com o pote, não pega na rodilha
“quem não pode com o pote, não pega na rodilha

Há dois ditos populares que deveriam guiar as nossas vidas sempre que possível, seja como pessoas naturais, seja como integrantes de um corpo institucional, ou seja, como membros ou dirigentes de empresas e negócios públicos.

O primeiro destes ditados é muito nosso, piauiense da gema. Ensina que “quem não pode com o pote, não pega na rodilha”. Cabe aqui explicar aos mais novos, que desconhecem tanto o pote quanto a rodilha. Pote é o recipiente de barro com o qual se pegava água a longa distância de casa quando não havia a facilidade de água canalizada. A rodilha é o pano enrolado sobre o qual se depositava o pote posto em cima da cabeça para a longa e penosa caminhada entre a cada e a fonte de água. Assim, se o pote estava pesado, não adiantava pôr a rodilha sobre a cabeça.

O segundo dos ditados é comum a todo o Brasil, ensinando que se deve ir devagar com o andor porque o santo é de barro. Neste caso, cabe pouca explicação, posto que ser rápido numa procissão pode pôr em risco a integridade de uma imagem sacra e isso, aliás, remete-nos a uma terceira lição popular, dando conta de que a pressa é inimiga da perfeição.

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Nos três casos, cabe apreender a lição de que nem tudo pode ser feito de afogadilho. Pegar na rodilha sem saber o peso do pote é o mesmo que agir se pensar, sem planejar, sem pesar e medir gestos e palavras. Indica que nem tudo é tão simples quanto parece, notadamente se nossas ações reverberam sobre as demais pessoas, se podem ser danosas para empresas e instituições públicas.

Uma pessoa que se propõe a realizar algo sem que esteja pronta para tanto é exatamente aquela que pode estar se arriscando a não cumprir o que garantiu realizar. Neste caso, pode faltar à pessoa o peso da experiência ou a ausência de humildade para admitir não poder realizar uma tarefa ou para algo ainda mais fundamental: saber pedir ajuda ou delegar atribuições.

Quem com muita pressa se põe a caminho não está apenas a ponto de fazer concreta a ideia de que se deve ir devagar com o andor porque o santo é de barro. O que se apressa age por impulso e corteja a desorganização, ao tempo em que despreza o planejamento. Melhor faz o caminho, assim, aquele que mede os passos para que a caminhada possa ser suportada. O peso do começo não é o mesmo do fim, de modo que além de saber se pode com o pote antes de tomar para si a rodilha, devemos agir com a precaução necessária para evitar os tombos pelo caminho.

Álvaro Fernando da Rocha Mota é advogado. Procurador do Estado. Ex-Presidente da OAB-PI. Mestre em Direito pela UFPE. Presidente do Instituto dos Advogados Piauienses. Presidente do CESA-PI

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Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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