Celebra-se em 14 de fevereiro o Dia Mundial do Rádio. A data é comemorada em face de ter sido neste dia, em 1946, que se deu inícioà primeira emissão de um programa da Rádio das Nações Unidas, simultaneamente em seis países. No Brasil, o rádio tem uma data para ser celebrado, 25 de setembro. Pode parecer que duas ou mais datas são um exagero para se celebrar um veículo de comunicação. Não é, porque se está mencionando bem mais que somente um meio de informação.
O rádio foi o primeiro meio de difusão de informações em massa, que começa a ganhar corpo com a descoberta das ondas de rádio como meio para difundir informações – dados e voz, por exemplo, em 1860 pelo escocês James Maxwell e se concretiza como veículo emissor e receptor em 1897, com a primeira transmissão controlada feita pelo italiano Guglielmo Marconi.
Dois anos atrás, o Brasil celebrava os 100 anos da chega do rádio ao país, pelo esforço de dois pioneiros, Henry Morize e Edgard Roquette Pinto, este último não somente responsável pela chegada do mais portátil e popular dos veículos de comunicação, mas o grande estudioso do Brasil, destacando-se como antropólogo e etnógrafo, cujos trabalhos científicos produzidos no começo do século XX até hoje são importantes.
Graças à determinação de Roquette Pinto, em 1923 criou-se a primeira rádio no país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, atual Rádio MEC, que inauguraria um dos mais ricos capítulos da história da comunicação brasileira, com o rádio sendo elemento fundamental na integração do país, na difusão da música brasileira, no surgimento de uma sociedade mais urbana e menos rural a partir da década de 1930 durante o governo Vargas.
Hoje, passados mais de 100 anos da primeira rádio no país, existem no Brasil, de acordo com dados do Ministério das Comunicações, de 2021, mais de 10 mil emissoras de rádio FM e AM ativas, responsáveis por levar informação e entretenimento, de maneira rápida e acessível à população. Dados da Secretaria de Radiodifusão do Ministério das Comunicações indicam ainda que entre as emissoras 3, 9 mil são FM, 1,2 mil AM e mais de 4, 7 mil são rádios comunitárias, que contribuem diretamente para a promoção da cidadania e o fortalecimento da democracia.
Trata-se, então, se uma percepção importante sobre as rádios: existência de milhares de emissoras em todo o território nacional faz com que, além de ser o mais antigo e mais popular meio de comunicação de massa, o rádio é o que está mais perto das pessoas, que fala diretamente às comunidades em que estão instalados, criando uma espécie de intimidade cúmplice com o ouvinte.
Uma rádio em Teresina, como as que fazem parte, por exemplo, do Grupo Meio, falam muito mais e melhor às pessoas da capital e do restante do Piauí, onde têm amplo alcance, que um veículo de comunicação de largo espectro, amplo alcance e nenhuma proximidade com as pessoas. Ou seja, a rádio pode gerar informações de interesse global ao mesmo tempo em que produzem e reproduzem conteúdos de interesse local. Isso faz toda a diferença.
Nesse contexto, é preciso lembrar que as emissoras ainda seguem o padrão de transmissão de ondas de rádio como se propugnou por Maxwell e Marconi, apenas tornando isso mais eficiente em face de melhores equipamentos. Porém, se a rádio pode chegar às pessoas por receptores próprios, o veículo tem tirado proveito das inovações proporcionadas pela tecnologia da informação, fazendo da internet, por exemplo, um mecanismo de multiplicação das possibilidades de recepção das mensagens de rádio.
O que se pode dizer, então, é que o centenário rádio progrediu com a tecnologia da informação, chegando a mais pessoas – em lugares mais distantes –, multiplicando a possibilidade de seu uso, os públicos que atinge, os modos de ser feito. O rádio passa dos 100 anos cada vez mais contemporâneo e ligado aos avanços tecnológicos que reforçaram a sua necessidade como veículo de comunicação de massa.
Álvaro Mota
Siga nas redes sociais
