Olhe Direito!

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Nilo Angeline, um cavalheiro

O Nilo Angeline que fazia brincadeira com a expressão latina data vênia, tão usual entre os advogados, foi um pioneiro na aviação comercial

Alvaro Mota

Segunda - 22/02/2021 às 14:35



Foto: Arquivo Pessoal Empresário Nilo Angeline morre de complicações da Covid-19
Empresário Nilo Angeline morre de complicações da Covid-19

Nilo Angeline Júnior foi um cidadão de bem, na mais pura acepção deste termo, que ultimamente, para desgosto dos cidadãos de bem, tem sido deturpado. Porém, no caso de Nilo, a qualificação exprime com exatidão aquilo que ele foi ao longo de 72 anos de vida – boa parte dela vivida entre amigos de Teresina, onde ele espalhou cortesia, gentileza e um bom humor contido e cavalheiresco.
O Nilo Angeline que fazia brincadeira com a expressão latina data vênia, tão usual entre os advogados, foi um pioneiro na aviação comercial em nosso Estado – primeiro como o agente autorizado da Viação Aérea São Paulo, a Vasp, depois com a TAM, que depois da visão com uma companhia aérea chilena virou Latam.
Como um agente de viagens, sempre foi mais de criar condições para que milhares de pessoas viajassem que de ele mesmo viajar. Nessa condição de um empresário do setor aéreo que operou em terra os embarques e desembarques de passageiros, construiu uma reputação que não pode ser abalada, nem mesmo pela morte, que, aliás, só fortaleceu entre nós as certezas sobre seus precativos morais e éticos.

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Nilo faz parte de uma geração de piauienses que ajudou a construir o estado na transição de nossa condição de uma economia rural para uma economia baseada em serviços – ele mesmo sendo uma prova disso ao operar um ramo de atividade que partiu quase de uma base muito pequena, nos anos 70, para um segmento cada vez mais importante, que é o setor de viagens e turismo.
Como tantos outros piauienses de sua geração, Nilo trilhou um caminho de êxito construído com trabalho, relações profissionais firmes e colaboração mútua no ambiente de negócios. Isso presume ter o que hoje se chama de uma rede de contatos profissionais (ou network, na expressão em inglês), o que é algo bem mais fácil de ser costurado quando a pessoa traz em si aquela gentileza natural, que se expressava o tempo todo em gestos os mais simples. Nilo não esperava que uma pessoa de sua loja pedisse um café. Servia ele mesmo, sim, sem a interveniência de um colaborador mais humilde.
Entre os muitos amigos que deixou como que órfãos com sua partida, deficitários de alegria porque se apagou um sorriso franco, Nilo Angeline sempre será lembrado por outra característica: um pacificador, alguém sempre disposto a buscar o diálogo, crente na ideia muito simples e poderosa de que um mau acordo sempre vale mais que uma boa briga.
Pessoas como Nilo Angeline, morto fisicamente, sempre são difíceis de serem substituídas em nosso convívio, porque em que pese haver em outras qualidades semelhantes, as virtudes pessoais são uma marca que se leva ao túmulo. Nilo deixa um vazio difícil de ser preenchido, com efeito, mas sua vida cheia de bons exemplos, é material que reduz o vácuo que ele deixa.

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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