É o que eu acho

O nome é extrema-direita e não bolsonarismo

Ao utilizarmos a palavra “bolsonarismo”, estamos incorrendo no erro de atribuir valor a um ex-deputado irrelevante que mamou por 28 anos nas tetas do Estado

Fernando Castilho

Sexta - 11/11/2022 às 07:29



Foto: Fernando Bizerra Extremismo
Extremismo

Foto: Fernando Bizerra, EFE

Os termos “bolsonarismo” e “bolsonarista’ têm sido muito utilizados pela grande imprensa, talvez à falta de um nome melhor ou pela preguiça em se aprofundar mais em algo que é encarado como mera questão de semântica.

Na Argentina, mesmo com a já distante morte do presidente Juan Domingo Perón em 1974, o temo “peronismo” persiste até hoje como uma tendência inaugurada por ele, denominação dada genericamente ao "Movimento Nacional Justicialista".

Ao utilizarmos a palavra “bolsonarismo”, estamos incorrendo no erro de atribuir valor a um ex-deputado irrelevante que mamou por 28 anos nas tetas do Estado, chegou a ser o pior presidente da história do país e acaba de ser defenestrado do poder com grande possibilidade de ser preso a partir do ano que vem. Pior, não inaugurou nenhuma tendência ou corrente de pensamento político.

Não é possível um paralelo com “fascismo”, “integralismo”, “socialismo”, “comunismo” ou “nazismo”, que persistem até hoje. As falas e ações de Bolsonaro não carregam nenhuma teoria e não possuem nenhuma tese que as embase e que permitam ser ele o mito que conduzirá milhões de pessoas daqui pra frente atravessando décadas.

Essas pessoas, na verdade, são extremistas de direita e sempre existiram, porém, com o adjetivo mais suave de “direita”.

São elas que no passado ficaram inconformadas com o fim da ditadura militar e passaram a votar em figuras da direita como Paulo Maluf em São Paulo e Antônio Carlos Magalhães na Bahia, por exemplo.

Foram elas também que elegeram Fernando Collor contra Lula em 1989. Porém, àquela época, não eram ainda extremistas, apenas reacionárias.

Com a eleição de Lula em 2002 e seus dois exitosos mandatos, melhoraram de vida e se retiraram para o armário por não terem muito do que reclamar.

No final do primeiro governo Dilma, começaram a sair aos poucos do limbo para apoiar Aécio Neves, o candidato mais à direita que encontraram.

Com o surgimento do extremista radical de direita, Jair Bolsonaro, saíram de vez e conquistaram mais adeptos até chegarmos ao impressionante número de cerca de 58 milhões de pessoas aferido na última eleição.

Claro que muitos vão rever suas posições já a partir de 2023 e poderão se inclinar à direita ou até ao centro, na medida em que Lula comece a apresentar melhora na economia do país.

Bolsonaro prometeu liderar a oposição a Lula, mas não acredito que tenha força para isso, pois não é habituado ao trabalho. Além disso, grande parte de seus aliados já o abandonou e Tarcísio de Freitas surge como o nome preferido da extrema-direita para 2026.

Bolsonaro preferirá tratar de sua defesa nos processos que lhe cairão sobre a cabeça e continuar a praticar jet-ski. Isso, se não tentar fugir do país.

Desta forma, o tal do “bolsonarismo” será apenas algo que nunca foi e será paulatinamente esquecido.

Mas a extrema-direita, este sim, o termo correto para essa reunião de reacionários de todo tipo, persistirá no Brasil.

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Fernando Castilho

Fernando Castilho

Arquiteto, Professor e Escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, A Sangria Estancada

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