É o que eu acho

É o que eu acho

E O QUE ACHO

Pintou um clima de desespero

O candidato à reeleição trabalha com duas possibilidades, ou seja, um plano A e um plano B.

Fernando Castilho

Quarta - 26/10/2022 às 21:52



Foto: Divulgação Roberto Jefferson
Roberto Jefferson

Muitos colunistas dos jornalões e dos blogs progressistas já escreveram sobre o episódio Roberto Jefferson. As análises variam de teorias da conspiração a ingenuidade, passando pela seriedade que o caso impõe.

Vou usar o acontecimento como propulsor da “previsão” que faço sobre 30 de outubro e o dia seguinte.

A nova pesquisa Ipec acaba de sair e aponta um aumento da diferença entre Lula e o ser que ocupa atualmente a cadeira presidencial. Certamente, a coordenação da campanha dele deve agora estar batendo cabeça.

O candidato à reeleição trabalha com duas possibilidades, ou seja, um plano A e um plano B.

O primeiro é o de vencer a eleição pelo voto, não importando o número de mentiras que conta e o inédito (pela grandiosidade) uso da máquina pública.

O segundo é o golpe, mas nada o impede de trabalhar com os dois planos ao mesmo tempo.

Foi o que aconteceu ontem. Enquanto luta para se eleger, começou a preparar terreno para melar o pleito, caso Lula vença.

Como ninguém pode ser preso, a não ser em flagrante, a 5 dias da eleição, o timing era aproveitar o mandado de prisão do ex-deputado Roberto Jefferson para tentar jogar a turba que o segue contra o TSE de Alexandre de Moraes e o STF. Jefferson seria, por sua postura de seguidor-raiz, o estopim do início de uma espécie de Capitólio tupiniquim. Suas redes sociais se inflamariam pelo que chamam de desrespeito à liberdade de expressão perpetrado por Moraes.

A escalada de violência iria num crescendo até o dia 30, assustando muitos indecisos e aumentando em muito o número de abstinências.

Caso o capitão vencesse, a horda seria desmobilizada, mas caso perdesse, seu exército de seguidores teria o potencial de provocar o início de uma guerra civil, obrigando as Forças Armadas a intervirem. O que viria na sequência já dá para adivinhar.

Não se trata de especulação. O homem das 400 mil mortes por Covid-19 precisa continuar no poder em 2023, não só para escapar de processos, mas para implementar seu plano de, agora que possui ampla maioria no Congresso, alterar várias leis que possam perpetuá-lo na cadeira.

O peão do jogo, Roberto Jefferson, deveria resistir à prisão, esperando por uma truculência da Polícia Federal que não veio.

Jefferson chegou a gravar vídeo comentando calmamente que não iria se entregar. Estava cumprindo seu script, mas, sabe-se lá por quê, decidiu atirar 20 vezes nos policiais e soltar 2 granadas. Foi aí que o plano furou.

O resto sabemos. O capitão mandou o ministro da justiça à casa de Jefferson e, mais tarde, o chamou de bandido.

Agora, Alexandre de Moraes vai ter que mandar a PF investigar algumas coisas.

O criminoso, que estava em prisão domiciliar, usando tornozeleira eletrônica, possui um enorme arsenal em sua casa, inclusive com armas privativas do exército. Não faltam nem granadas, artefatos que não são usados pelos CACs. É preciso que se explique isso, e mais, quem lhe forneceu essas armas.

Por que o capitão mandou seu ministro à casa de um bandido? Isso é uso indevido de recursos do Estado.

Ontem mesmo, à noite, já na prisão, Jefferson ficou sabendo que seu mito o chamou de bandido. Imediatamente, desabafou dizendo que não aceitará ser abandonado.

O homem é conhecido por ser vingativo desde o episódio do mensalão.

A chantagem só está começando. Se ele não iniciar, sua filha, Cristiane Brasil, que possui a mesma índole do pai, é quem fará.

O plano A parece que furou. Resta agora o B.

É preciso que nos preparemos para ele.

As redes sociais bolsonaristas alimentadas ferozmente pelo gabinete do ódio, comandado pelo Carluxo, não aceitarão o resultado das urnas e poderão provocar acontecimentos que podem comprometer nossa democracia.

Pintou um clima de desespero nas hostes bolsonaristas.

Fiquemos de olhos abertos, portanto.

Fernando Castilho

Fernando Castilho

Arquiteto, Professor e Escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, A Sangria Estancada
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