É o que eu acho

Em 02 de Outubro, a mais linda e esperada primavera

Bolsonaro insiste na sua linha de desacreditar as pesquisas, preferindo crer no tal datapovo

Fernando Castilho

Quinta - 29/09/2022 às 16:19



Foto: Nelson Antoine - AE O ex-presidente Lula joga flores para apoiadores no RJ
O ex-presidente Lula joga flores para apoiadores no RJ

A apenas alguns dias das eleições mais importantes depois da queda da ditadura, há alguns temas a serem discutidos.

1 – Lula deverá vencer em primeiro turno dificultando que o derrotado, Jair Bolsonaro questione as urnas eletrônicas, já que vários aliados seus se elegerão ou se reelegerão através delas.

2 - Os sinais já são claríssimos de que as próximas e últimas pesquisas de opinião, principalmente o Datafolha, revelarão uma grande subida de Lula e uma estagnação do capitão. Essa tendência já foi demonstrada nas últimas pesquisas e deverá se intensificar nos próximos dias devido ao desembarque de eleitores das candidaturas Ciro Gomes e de Simone Tebet. Além disso, a mídia tem mostrado o grande número de artistas e famosos, formadores de opinião, que estão se unindo contra mais quatro anos de trevas, carregando consigo milhões de seguidores. Infelizmente, os números de Bolsonaro não baixam, o que revela que ele possui um núcleo duro bastante significativo que tolera toda a corrupção que ele e seus filhos têm praticado ao longo dos anos.

3 – Bolsonaro insiste na sua linha de desacreditar as pesquisas, preferindo crer no tal datapovo. Antes eu imaginava que era apenas uma estratégia, mas depois que aliados muito próximos dele revelaram que ele vive numa bolha e que acredita realmente que pode vencer em primeiro turno, acho que, além de método, há também muita loucura.

4 – O que pretende o capitão, tão logo perceba que foi derrotado em primeiro turno? Como escrevi no item 1, será muito difícil para ele se insurgir contra as urnas eletrônicas. A estratégia que parece estar se delineando é utilizar alguns seguidores mais fiéis e violentos, Brasil afora, como massa de manobra para intimidar as pessoas que tencionam votar em Lula através de agressões e até assassinatos. Bolsonaro gosta de trabalhar com o medo, a violência e o confronto. É possível que haja certo número de abstenções no dia 2, por medo de sair às ruas, o que poderá favorecê-lo.

5 – De maneira alguma poderemos afastar a preocupação com o risco de se reproduzir aqui a invasão do Capitólio durante as eleições norte-americanas, porém sem um ataque direto ao Congresso, que hoje está dominado pelos deputados do centrão, aliados de Bolsonaro. O ataque, se houver, deverá ser contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que já tomaram medidas para reforçar sua segurança. Essas instituições devem se preocupar com alguns integrantes das Forças Armadas que podem, sem o aval de seus comandos, causar algum distúrbio, mas não a ponto de inviabilizarem as eleições e seus resultados.

6 – O presidente tem, ao longo de mais de três anos, se preparado para sua derrota nas urnas porque, no íntimo, tem consciência de sua mediocridade e de sua incapacidade de governar. Por isso, construiu o mito de que, se não vencer, é porque houve fraude. Os bolsonaristas que compõem seu núcleo duro de apoiadores poderão causar distúrbios. Aí veremos de que lado as forças de segurança estão.

7 – Haja ou não perturbações da ordem institucional, graças às demonstrações de força que, principalmente o TSE tem dado e, graças também ao recente engajamento da mídia na união pelo fortalecimento da democracia, parece certo que, ao final, o resultado das urnas será respeitado e Bolsonaro será obrigado a aceitá-lo, preparando-se para encarar, a partir do próximo ano, seu triste destino, o que lhe renderá vários processos, sem a proteção de Arthur Lira e de Augusto Aras e sem o foro privilegiado.

8 – De qualquer forma, parece certo que, já no domingo, 2 de outubro, as nuvens negras cederão seu lugar à luz do Sol e ao céu mais azul que jamais vimos, refletido nas flores que saudarão a mais linda e esperada primavera.

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Fernando Castilho

Fernando Castilho

Arquiteto, Professor e Escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, A Sangria Estancada

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