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Seguradoras querem arrecadar mais de R$ 1 trilhão em 8 anos

As empresas do setor arrecadaram R$ 355 bi em 2022 e tem plano para melhorar seus indicadores até 20

Por Luiz Brandão

Quinta - 23/03/2023 às 16:04



Foto: Luiz Brandão Mais de 450 pessoas participaram do encontro da CNseg
Mais de 450 pessoas participaram do encontro da CNseg

Ampliar em 20% a parcela da população brasileira com seguro, chegar a 6,5% do BIB em indenizações até 2030 (R$ 731,5 bilhões) e arrecadar 10,1% do PIB (R$ 1,13 trilhão) em oito anos, são os objetivos do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros - PDMS, apresentado nesta quinta-feira (23), em Recife (PE) aos profissionais e empresas de seguro do Nordeste.

O plano foi apresentado pelo ex-ministro do Planejamento e presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, pelo presidente do Sindicato das Seguradoras do Norte e Nordeste (Sindsegnne), Ronaldo Dalcin, durante encontro setorial com lideranças do mercado segurador do Nordeste. Eles destacaram a performance da indústria do seguro.

Estiveram no encontro mais de 450 lideranças do mercado segurador de Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte. Dados da CNseg revelam que os sete nordestinos que integram o Sindsegnne tiveram alta em arrecadação  com seguros em 2022.

Dutante o evento, o economista e presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, apresentou uma visão geral do setor segurador do ano de 2022, que, segundo ele, foi marcado pela maior procura por produtos oferecidos pelas seguradoras.

Dyogo falou do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros, Previdência Aberta, Saúde Suplementar e Capitalização (PDMS), no qual estão definidos quatro eixos de trabalho que irão balizar as ações nesta indústria até 2030, tanto no âmbito do setor público quanto no privado.

Crescimento

De acordo com a CNseg, a indústria do seguro se mantem em alta no Brasil. O pagamento de indenizações, benefícios, resgates e sorteios (sem Saúde e sem DPVAT) somaram mais de R$ 219,4 bilhões em 2022, volume 15,5% superior a 2021. "Quando falamos em arrecadação, o setor viu a demanda avançar 16,2% em relação ao ano de 2021, com mais de R$ 355,9 bilhões em arrecadação (sem Saúde e sem DPVAT)", diz Dyogo, para quem os dados indicam uma tendência de crescimento mais equilibrado. “O ano de 2022 foi muito positivo. As indenizações cresceram em linha com a arrecadação, mantendo assim um mercado saudável”, explica.

Dyogo Oliveira, estima que, como consequência da implementação do PDMS, em termos de receita, o mercado atinja 10% do PIB nacional em 2030. “O Plano foi criado a partir da percepção de que o setor pode gerar mais reservas para a poupança nacional e direcionar mais recursos para importantes projetos nacionais, ao apoiar iniciativas públicas e privadas. Assumimos riscos das mais diversas atividades econômicas e oferecemos proteção aos indivíduos e às empresas”, ressalta Oliveira.

Ronaldo Dalcin e Dyogo Oliveira

O presidente do Sindicato, Ronaldo Dalcin, destacou que o mercado de seguros vem crescendo constantemente, ano a ano. “Estamos cientes dos desafios e do trabalho que precisam ser realizados, principalmente no que diz respeito à capacitação de todo o nosso ecossistema, visando fortalecer ainda mais o entendimento de que o seguro é uma proteção indispensável para a sociedade e para a economia como um todo”, disse Ronaldo.

Proteção veicular

Durante o encontro setorial, o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, também alertou sobre o avanço da proteção veicular. “O consumidor corre sérios riscos porque é um modelo de negócios que já existiu no passado e que deixou um saldo de prejuízos irreparáveis por não cumprir as regras prudenciais e de solvência necessárias no mercado de seguros.

Ele destacou que as seguradoras tem mais de R$ 1 trilhão de reservas e anunciou uma "agenda jurídica" para o segundo semestre de 2023. A ideia, segundo ele, é discutir o tema seguros com membros do poder judiciário tanto em nível estadual quanto federal. Para isso serão realizados encontros e seminários com a participação de advogados, promotores e juízes.

Dyogo criticou as chamadas entidades mútuas e disse que o avanço delas representa um retrocesso. "Isso ocorre não só porque concorrem de forma desleal no mercado formal de seguros, mas também porque, sem fiscalização, podem transformar em pó a poupança de milhares de consumidores atraídos por benefícios que não serão concedidos”, afirma Oliveira.

Ele destacou também que as associações de proteção veicular representam perda fiscal de R$ 1,2 bilhão ao ano. Para alertar os consumidores contra golpe nos seguros de veículos , a CNseg criou o site https://www.seguroautosim.com.br/

A seguir, dados do mercado segurador em sete estados do Nordeste:

Alagoas

A arrecadação do setor (sem Saúde e sem DPVAT), no estado de Alagoas, comparando 2022 e 2021, apresentou um crescimento de 10,4%. O segmento de Capitalização cresceu em 56,6% (R$ 133,2 milhões), seguido pelo Danos e Responsabilidades (sem DPVAT), com alta de 31,6% (R$ 462,2 milhões). Os produtos de seguro que tiveram maior destaque foram: Responsabilidade Civil, que apresentou um crescimento de 68,2% (R$ 6,9 milhões), seguido pelo Rural, que cresceu 57,9% (R$ 13,6 milhões).  O ramo de Crédito e Garantia também teve um bom desempenho, com um aumento de 50,4% (R$ 11,4 milhões) na arrecadação, e, por fim, Automóvel com 46,1% (R$ 286,1 milhões) de avanço.

No estado, o pagamento das indenizações, benefícios, sorteios e resgates (sem Saúde, sem DPVAT e sem VGBL) chegou o total de R$ 423,7 milhões, montante 81,4% superior a 2021. Assim como em arrecadação, o segmento de Danos e Responsabilidades (sem DPVAT) foi destaque com o pagamento de R$ 228,5 milhões (+599,7%).  Nesse ramo, os destaques foram os ramos Responsabilidade Civil (+1.073,7%), com R$ 4,8 milhões, e Patrimonial (+274,7%), com R$ 38,8 milhões.

Ceará

Outro estado que apresentou um crescimento no mercado de seguros foi o Ceará. Sem incluir Saúde e DPVAT, o estado teve uma arrecadação de R$ 6,2 bilhões, 15,8% superior que em 2021. Danos e Responsabilidades (sem DPVAT) foi um dos segmentos com avanços mais expressivos, destacando o seguro Transportes, com 96,8% (R$ 78,9 milhões), o Crédito e Garantia, com 72,7% (R$ 89,4 milhões), e o Responsabilidade Civil, com 51,2% (R$ 31,4 milhões).

Vale ressaltar que o seguro Automóvel apresentou um aumento de 6% em 2022, com mais de R$ 801,0 milhões. O segmento de Capitalização registrou avanço na arrecadação de mais 20,5%, com R$ 563,4 milhões, seguido pelo segmento de Cobertura de Pessoas, com 14,2% a mais em relação ao ano de 2021, totalizando  R$ 4,2 bilhões.
O setor segurador cearense ainda teve crescimento no pagamento de indenizações do seguro Rural, com 83,7% (R$ 4,9 milhões) e do Patrimonial, com 101,8% (R$ 116,8 milhões). Responsabilidade Civil também apresentou um avanço expressivo de 309,6% (R$ 4,2 milhões). Títulos de Capitalização registrou uma evolução em seus sorteios e resgates, com um aumento de 10,1% (R$ 438,6 milhões).

Maranhão

Com R$ 1,1 milhão de indenizações pagas no Maranhão em 2022, o seguro Responsabilidade Civil registrou alta de 212,4% se comparado com 2021, seguido pelos Marítimos e Aeronáuticos, que tiveram um crescimento de 82,8%, com R$ 352,2 mil. Ao todo, foram pagas mais de R$ 571,4 milhões de indenizações, benefícios, sorteios e resgates (sem Saúde, sem DPVAT e sem VGBL).

O estado também apresentou uma variação nominal positiva em arrecadação no Setor Segurador, com o aumento de 23,7% (R$ 3,0 bilhões), sem considerar Saúde e DPVAT. O segmento de Danos e Responsabilidades (sem DPVAT) apontou um forte crescimento, com destaque para o seguro de Transportes (+78,0%), com R$ 19,1 milhões; Automóvel, com R$ 336,5 milhões (+57,3%); Marítimos e Aeronáuticos, com avanço de 67,5% (R$ 4,6 milhões). O segmento de Coberturas de Pessoas teve crescimento de 17,9%, com R$ 1,9 bilhão arrecadado, e a Capitalização uma variação positiva de 38,3%, com R$ 302,7 milhões.

Paraíba

Seguindo a tendência de aumento na arrecadação, o estado paraibano apresentou um crescimento de 20,1% (sem Saúde e sem DPVAT) em comparação ao ano anterior. Danos e Responsabilidades foi o segmento com o maior avanço percentual (+30,5%), representando o total de R$ 620,9 milhões. Os produtos desta modalidade com melhor performance foram: Responsabilidade Civil, com 73,6% de aumento (R$ 8,3 milhões), seguido por Automóvel, com 44,7% (R$ 401,0 milhões), e Rural, com 39,6% (R$ 8,2 milhões). Coberturas de Pessoas também tiveram aumento significativo de 16,2%, com R$ 1,7 bilhão, e os Títulos de Capitalização cresceram 26,0%, somando R$ 201,5 milhões.


Em indenizações (sem Saúde, sem DPVAT e sem VGBL), no mesmo período, a Paraíba teve um aumento total de 5,9%. Os produtos que tiveram os maiores aumentos percentuais em Danos e Responsabilidades foram: Responsabilidade Civil, com 882,4% (R$ 11,2 milhões), seguido pelo Crédito e Garantia, com 53,6% (R$ 7,1 milhões).

Pernambuco

O mercado de seguros pernambucano experimentou alta nos pagamentos de indenizações, benefícios, sorteios e resgates no acumulado de 2022. R$ 1,5 bilhão (sem Saúde, DPVAT e VGBL) foram repassados aos segurados, 7,3% a mais que em 2021. Alguns dos produtos de seguro do segmento de Danos e Responsabilidades (sem DPVAT) apresentaram os avanços expressivos, com destaque para Responsabilidade Civil, que registrou o maior crescimento, com 63,9% (R$ 10,5 milhões), seguido pelo seguro Rural, com 54,9% (R$ 7,6 milhões), e Crédito e Garantia, com 46,3% (R$ 29,1 milhões).

O cenário positivo do setor também ocorreu nas arrecadações. Desconsiderando os dados de DPVAT e Saúde Suplementar, Pernambuco teve um aumento de 13,7% (R$ 6,4 bilhões) na procura por produtos de seguro, destacando os seguros Marítimos e Aeronáuticos, com aumento de 43,6% (R$ 24,9 milhões); o Rural, com 35,5% (R$ 21,2 milhões); e o Automóvel, com 30,4% (R$ 1,1 bilhões).

Piauí

A procura pelos produtos de seguro também teve aumento no Piauí em 2022, com um crescimento nominal de 23,3% na arrecadação, com R$ 1,6 bilhão (Sem Saúde e DPVAT), se comparado a 2021. No segmento dos seguros de Danos e Responsabilidades (sem DPVAT), que cresceu 27,2% (R$ 398 milhões), o destaque ficou com o seguro Automóvel, que teve uma variação positiva de 51,1% (R$ 233,2 milhões). Capitalização teve uma variação nominal de 38,7% (R$ 163,4 milhões) e o segmento de Coberturas de Pessoas registrou um aumento de 19,8%, com (R$ 1,0 bilhões).

Entre os pagamentos de indenizações, os maiores destaques ficaram por conta do seguro Transportes, que apresentou um aumento de 56,5% (R$ 3,9 milhões) e o seguro Garantia Estendida com aumento de 28,0% (R$ 3,0 milhões). O segmento de Coberturas de Pessoas (sem VGBL) apresentou uma evolução nominal de 8,2%, com R$ 93,1 milhões.

Rio Grande do Norte

Em comparação com 2021, o mercado segurador do Rio Grande do Norte também registrou desempenho positivo. Com R$ 2,2 bilhões arrecadados, o estado evoluiu 10,6%. O destaque foi o seguro de Responsabilidade Civil, que teve avançou 50,8%, com R$ 12,0 milhões. O seguro Automóvel também apresentou resultado positivo, com uma evolução de 42,7% (R$ 361,4 milhões), seguido por Transportes, com 47,7% (R$ 9,4 milhões).

A Capitalização, com 22,5% (R$ 260,1 milhões), e o segmento de Coberturas de Pessoas, com uma variação de 1,9% (R$1,4 bilhão), também tiveram ampliação da procura. Este último ainda apresentou resultados positivos no pagamento de indenizações. Com o aumento de 23,0%, este segmento retornou à sociedade mais de R$ 174,6 milhões.
Seguindo a linha de crescimento, em relação aos pagamentos de indenizações, Transportes apresentaram alta de 153,1% (R$ 2,5 milhões) e o Crédito e Garantia, 134,1% (R$ 77,1 milhões).

Fonte: CNseg

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Luiz Brandão

Luiz Brandão é jornalista formado pela Universidade Federal do Piauí. Está na profissão há 40 anos. Já trabalhou em rádios, TVs e jornais. Foi repórter das rádios Difusora, Poty e das TVs Timon, Antares e Meio Norte. Também foi repórter dos jornais O Dia, Jornal da Manhã, O Estado, Diário do Povo e Correio do Piauí. Foi editor chefe dos jornais Correio do Piauí, O Estado e Diário do Povo. Também foi colunista do Jornal Meio Norte. Atualmente é diretor de jornalismo e colunista do portal www.piauihoje.com.

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