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EDITORIAL

Delegado morto, réu acolhido: afinal quem é a vítima?

Vídeo da audiência de custódia de Leandro da Silva Sousa, suspeito de matar o delegado Márcio Mendes, gera indignação e polêmica nas redes sociais

Maria Luiza Barreto

Domingo - 13/07/2025 às 15:00



Foto: Montagem/Piauí Hoje Delgado Márcio Mendes (à esquerda) foi assassinado por Leandro Silva (à direita)
Delgado Márcio Mendes (à esquerda) foi assassinado por Leandro Silva (à direita)

Um delegado foi assassinado durante o cumprimento de um mandado de prisão. Dois policiais civis baleados. O alvo da operação — apontado como traficante perigoso e já com histórico de fuga — agora se senta diante da Justiça e, em vez de responder pelos crimes que cometeu, é acolhido como se fosse a maior vítima da história. 

Mesmo com um laudo pericial claro, assinado por duas médicas legistas, afirmando que não houve qualquer vestígio de tortura ou violência e que as marcas no corpo são compatíveis com ferimentos de quem correu por mata fechada, o juiz insiste: foi agredido? Sofreu maus-tratos? Quem bateu? Você é capaz de reconhecer quem lhe agrediu?

Nenhuma palavra sobre o delegado executado, sobre os dois agentes feridos, sobre as famílias destruídas. 

É nesse ponto que o país precisa parar e pensar: em que momento deixamos de proteger quem nos protege? 

É evidente que o Estado de Direito precisa garantir a integridade física de todo cidadão, inclusive do preso. Mas quando a prioridade da Justiça se concentra quase exclusivamente no bem-estar de um criminoso confesso, enquanto a memória de servidores públicos assassinados é relegada ao esquecimento, há algo muito errado acontecendo. 

Não se trata de clamar por vingança — mas por coerência. Quem atira em um delegado no exercício da lei não pode sair da audiência como vítima.

O Brasil precisa encontrar um equilíbrio urgente entre a proteção dos direitos humanos e o respeito à vida dos agentes que arriscam tudo pelo cumprimento da lei. 

Se matar um delegado e ferir policiais não for suficiente para indignar o sistema, então é o próprio sistema que precisa de julgamento.

Confira trecho do vídeo da audiência de custódia:

Redação

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