Badala
O som metálico
Sepulcro do relógio
Dim...Dom...
Dim...Dom...
Um átomo se desloca pela ruga
A fronte que alveja silenciosa
Tic...tac...tic...tac...tic...tac...
Na paixão erosiva da gravidade
Uma fruta desfacela
O albúm amarela
As estrelas me tem saudade
Tic...tac...tic...tac...tic...tac
Badala
Os sinos nos campos da memória
De tempos tenros idos
A prece, a manhã e a infância de todos os sentidos
De simplesmente ser
Um relógio derretido
Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinnnnnnnnnnnnnnnn !!!!!!!!!!!!!!!!!
O desperta-dor tremula sob a cômoda alma
Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinnnnnnnnnnnnnnnn !!!!!!!!!!!!!!!!!
Atravesso desertos revoltos
Dentro da ampulheta
Por ceús desmoronados e infernos soterrados
Fecundo cada instante
Badala
Sentado no ponteiro dos séculos
Meu cabelo cria lôdo
Meu peito enferruja
Amanhece o fio do meu novelo
Tic...tac...tic...tac...tic...tac...tic...tac...tic...tac...tic...tac...
Dim...dom..
Dim...dom
No ponteiro dos séculos
Fiz minha morada
Alinho meu tempo
Ao que contemplo
Auroras do pensamento
Passo tardes a fio
Erodindo em eternidades
Por Samuel Brandão