Saúde

DIA DO PSICOLÓGO

Psicóloga diz que a pandemia quebrou tabus e revolucionou tratamento em saúde mental

No Dia do Psicólogo, Suzy Tiberly foi entrevistada no PodCast do Portal Piauí Hoje e falou sobre os desafios da profissão

Da Redação

Quarta - 27/08/2025 às 18:33



Foto: Piauí Hoje A psicóloga Suzy Tiberly foi entrevistada no PodCast do Portal Piauí Hoje com a jornalista Malu Barreto
A psicóloga Suzy Tiberly foi entrevistada no PodCast do Portal Piauí Hoje com a jornalista Malu Barreto

Há 13 anos, quando a psicóloga Suzy Tiberly começou a atender, era comum que pacientes não quisessem estacionar na frente do seu consultório. "Para não serem vistos entrando", lembra. Era um tempo em que fazer terapia carregava um pesado estigma de que era "coisa de louco". Hoje, o cenário é completamente diferente.

No Dia do Psicólogo, Suzy destacou, em entrevista ao Podcast Piauí Hoje, com a jornalista Malu Barreto, o salto gigantesco na percepção da sociedade sobre a saúde mental, acelerado pela pandemia de Covid-19. 

"As pessoas começaram a reconhecer suas dores. Hoje eu percebo o movimento contrário: as pessoas sentem orgulho de dizer que fazem terapia. Já postam na rede social 'saí da minha terapia', 'terapia em dia'", comemora.

Outra mudança importante veio com a tecnologia, mas de forma positiva: a popularização da terapia online. Questionada se o formato perde em eficácia para o presencial, Suzy é taxativa: "Não tem diferença". Ela, que também era cética no início, se adaptou e hoje vê a modalidade como uma grande facilitadora do acesso.

"Em grandes cidades, você tem muita dificuldade de locomoção. A terapia online facilitou muito o acesso. A gente consegue ter psicólogos especialistas em outros estados. É um ganho muito grande", defende. A chave, segundo ela, não é o formato, mas a qualidade do vínculo entre paciente e terapeuta.

Mas nesse mundo hiperconectado, Suzy também chamou a atenção para um fenômeno recente e preocupante: a "brain rot" ou "apodrecimento cerebral". O termo descreve a sensação de sobrecarga mental e degeneração cognitiva causada pelo consumo infinito de conteúdos curtos e estímulos rápidos das redes sociais.

 "Nosso cérebro é demandado o tempo todo. Antes, uma ligação não atendida era normal. Hoje, uma mensagem não respondida no WhatsApp já gera ansiedade e aceleração cardíaca. Precisamos repensar como estamos nos relacionando com a tecnologia para preservar nossa saúde mental", reflete. Ela defende um retorno progressivo às atividades analógicas, como a escrita à mão, as provas orais e a arte, como antídotos para essa saturação digital.

Para quem está pensando em começar a terapia, a psicóloga dá um conselho valioso: a escolha da abordagem (como Gestalt, TCC ou Psicanálise) é menos importante do que se imagina. "O que importa é ter um bom vínculo terapêutico, se sentir confortável, validado e respeitado. O psicólogo precisa comungar de valores com você. Para mim, isso é muito mais importante do que a comparação de abordagens", orienta. “A relação de confiança é, por si só, um dos fatores mais curativos do processo".

Psicóloga Suzy Tiberly

Lidar com as dores alheias diariamente exige um grande trabalho de equilíbrio dos profissionais. Suzy revela que não romantiza a profissão: "Nem todo dia é um dia bom. Lidamos com histórias de vida dificílimas e não tem como não nos afetar. Sou humana, me toco, me dói o dor do outro".

A psicóloga reforçou que a profissão não pode ser exercida de forma solitária. Ela destacou a importância crucial dos grupos de estudo, supervisão e troca entre colegas para evitar o adoecimento dos próprios psicólogos. "Precisamos fugir da ideia de um profissional isolado em seu consultório. São nos encontros com outros psicólogos, nas discussões críticas e no compartilhamento de experiências que fortalecemos nossa categoria e encontramos apoio para lidar com as demandas complexas que recebemos", afirma.

Seu segredo para não absorver os problemas é o autocuidado. "Promovo espaços de cuidado para mim: arte, música, obviamente a minha própria psicoterapia e grupos de supervisão com outros colegas, onde discuto casos para ampliar o olhar. Antes de colocar a máscara no outro, a gente tem que colocar a nossa", finaliza.

A entrevista completa você pode acompanhar no YouTube do Portal Piauí Hoje, no link abaixo.


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