
De 9 a 11 de junho, o Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHL) da Universidade Federal do Piauí (UFPI) recebe a "Jornada da Luta Antimanicomial – 120 Anos de Nise da Silveira: Arte e Loucura". O evento conta com uma programação variada, incluindo exposições, oficinas terapêuticas, filmes e apresentações de trabalhos acadêmicos sobre saúde mental.
Organizada pelo Projeto Casulo Cuidar, fundado e idealizado pela professora e psicóloga Filadelfia de Sena, a jornada deste ano presta uma homenagem aos 120 anos de nascimento de Nise da Silveira, psiquiatra que utilizou a arte como recurso terapêutico no cuidado de pacientes com transtornos mentais. Filadelfia explica que o projeto, criado oficialmente em 2017, pretende integrar a psicanálise à psicologia social crítica, oferecendo atendimento psicológico aos estudantes da UFPI.
"Queremos promover uma corresponsabilidade da universidade com a saúde mental dos jovens e oferecer apoio psicológico baseado na psicanálise e em uma abordagem crítica sobre o tema", afirmou a professora.
A programação deste ano também inclui a instalação "Meduna", curada por Milena Albuquerque, coordenadora voluntária do Casulo, que traz um olhar sobre a história do Sanatório Meduna, antigo manicômio do estado. A solenidade de abertura, nesta segunda-feira (9), contará com a presença de autoridades locais, como o prefeito de Tanque do Piauí, Tiel Sales, o secretário, Thiago Melo, que é membro do Casulo e vai falar sobre sua experiência em Tanque do Piauí, ligando o trabalho do Casulo ao SUS e à história de Nise, além do Dr. Clidenor, que introduziu o eletrochoque no estado.
Com mais de 400 inscrições já registradas, o evento também destaca a produção acadêmica, com apresentações de trabalhos e reflexões sobre políticas públicas de saúde mental. Além disso, filmes como Coração da Loucura e um documentário sobre o Sanatório Meduna serão exibidos.
Igor Carvalho, estudante de Filosofia e integrante do Projeto Casulo Cuidar, destacou suas expectativas em relação ao evento, com foco na promoção dos direitos humanos e na luta antimanicomial. “Espero que o evento ajude a desenvolver novos projetos e traga mais visibilidade para a importância da luta pelos direitos humanos. A luta antimanicomial é sobre respeitar o direito de cada pessoa ser quem é, sem seguir um padrão de normalidade. Se alguém tem um comportamento diferente, isso deve ser aceito. Espero que o evento ajude a sociedade a olhar esses temas de forma mais aberta", destacou.Igor Carvalho, membro do Projeto Casulo Cuidar e estudante de FilosofiaA psicóloga Filadelfia ressaltou ainda que o Casulo é um projeto institucional da UFPI e que a universidade tem um papel fundamental no desenvolvimento de ações voltadas à saúde mental. "Este projeto não pertence apenas a mim ou à Milena, ele é da universidade", concluiu.
Confira as entrevistas completas:
(*) Sol Castelo Branco e Lília Ferreira são estagiárias sob supervisão do jornalista Luiz Brandão - DRT-PI -960