
É preocupante o número de casos de estudantes universitários com problemas relacionados a saúde mental. Em entrevista ao podcast Piauí Hoje, comandado pela jornalista Malu Barreto, o professor Aristides Oliveira, da Universidade Federal do Piauí, campus de Floriano, fez um alerta sobre a crescente crise de saúde mental no ambiente acadêmico. O educador citou casos de estudantes com sofrimento psíquico que chegam a manifestar comportamentos agressivos, exigindo intervenções extremas como afastamentos e até medidas judiciais. "Estamos lidando com uma geração no limite", afirmou.
Em salas de aula com até 46 alunos, professores se veem obrigados a assumir papéis de psicólogos, assistentes sociais e até médicos. "Recebemos estudantes com autismo, TDAH, crises de ansiedade que levam a desmaios durante provas", contou Oliveira, que também leciona no Colégio Técnico de Floriano. A falta de estrutura é tamanha que o único psicólogo da unidade mal consegue atender a demanda.
O professor disse que a pandemia agravou o cenário. "Alunos e docentes voltaram com sequelas do isolamento. Eu mesmo ainda fico nervoso em ambientes cheios", confessou, destacando o aumento de licenças médicas por esgotamento entre educadores.
Ele faz uma crítica à realidade dos professores, ressaltando que os currículos são engessados, há cobranças excessivas e zero tempo para cuidar da saúde mental. "Falam em 'ambiente escolar saudável', mas como implementar isso quando um professor dá 20 aulas por semana?", questionou.
Oliveira citou o projeto Casulo, da UFPI em Teresina, como exemplo de iniciativa que funciona: um consultório psicanalítico gratuito para alunos. "Precisamos replicar isso em todos os campi", defendeu. Enquanto isso, ele se prepara para criar um projeto similar em Floriano após concluir sua formação em psicanálise.
O professor teme que as próximas crises possam ser piores. Ele lembra dos casos extremos, como ameaças com armas, comuns nos EUA, já surgem no Brasil. "Defendo que haja menos discursos, mais psicólogos nas escolas, currículos flexíveis e políticas públicas que tratem a saúde mental como prioridade, não como luxo”.
A entrevista completa está disponível no canal do Portal Piauí Hoje no YouTube.