Saúde

VACINAÇÃO

Brasil aposenta vacina oral contra poliomielite e adota dose injetável

A partir de novembro, a vacina inativada substituirá a VOP, visando melhorar a proteção contra a pólio e atender às recomendações da OMS

Da Redação

Quinta - 19/09/2024 às 10:14



Foto: Arquivo/Agência Brasil Marco na erradicação da pólio
Marco na erradicação da pólio

A vacina oral contra a poliomielite (VOP) será oficialmente aposentada no Brasil em menos de dois meses. Conhecida popularmente como "gotinha", essa vacina será substituída pela vacina inativada contra a poliomielite (VIP), que é aplicada de forma injetável. Segundo Ana Frota, representante do Comitê Materno-Infantil da Sociedade Brasileira de Infectologia, a retirada da VOP ocorrerá em todo o país até 4 de novembro.

Durante a 26ª Jornada Nacional de Imunizações, realizada no Recife, Ana destacou que a VOP contém um vírus enfraquecido, que, em condições sanitárias inadequadas, pode resultar em casos de pólio derivados da vacina. Embora esses casos sejam menos comuns que as infecções por poliovírus selvagem, ela alertou que, com a vacinação global, podem surgir mais casos da vacina do que da doença em si, o que demanda uma ação por parte das autoridades.

A transição da vacina oral para a injetável conta com o apoio da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ana comentou que a mudança faz sentido, observando que a VOP deve ser utilizada apenas para controle de surtos, como os registrados na Faixa de Gaza, que reportou quatro casos de paralisia flácida — um confirmado e um em investigação.

Entre 2019 e 2021, cerca de 67 milhões de crianças perderam parcial ou totalmente doses de vacinas de rotina, conforme lembrou Ana. A Aliança Mundial para Vacinas e Imunização, parceria da OMS, teve que interromper a vacinação contra a poliomielite por quatro meses durante a pandemia. Emergências humanitárias, conflitos e falta de acesso também contribuíram para as lacunas na imunização.

Em 2023, o Ministério da Saúde anunciou que passará a adotar exclusivamente a VIP como reforço aos 15 meses de idade, substituindo a dose oral. A vacina injetável já estava sendo aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida, segundo o Calendário Nacional de Vacinação. Além disso, o reforço contra a pólio, anteriormente dado aos 4 anos, não será mais necessário, pois o esquema vacinal com quatro doses garantirá a proteção.

Essa atualização considerou critérios epidemiológicos, evidências relacionadas à vacina e recomendações internacionais. Desde 1989, não foram notificados casos de pólio no Brasil, mas as coberturas vacinais têm apresentado quedas sucessivas nos últimos anos.

Fonte: Agência Brasil

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