Política

DECLARAÇÃO

Lula diz que 08 de janeiro não teria acontecido sem Bolsonaro

O presidente também ressaltou a importância de uma investigação abrangente sobre todos os envolvidos na suposta tentativa de golpe

Da Redação

Quinta - 08/02/2024 às 09:49



Foto: Ricardo Stuckert Lula na conferência eleitoral do PT em Brasília
Lula na conferência eleitoral do PT em Brasília

Durante uma entrevista nesta quinta-feira (08), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou a operação da Polícia Federal que visa ex-ministros, ex-assessores e militares próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A operação está vinculada à investigação sobre alegações de tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito em 08 de janeiro de 2023. 

Lula expressou a dificuldade em comentar sobre uma operação policial que ocorre após uma decisão judicial, destacando a necessidade de que a Polícia Federal conduza suas atividades de forma democrática, respeitando os direitos dos envolvidos e seguindo as determinações da Justiça. 

"É muito difícil um presidente da República falar sobre uma operação que é feita depois de uma decisão judicial, tudo correndo em sigilo até determinar que se faça busca e apreensão na casa das pessoas. Eu espero que a Polícia Federal faça a coisa do jeito mais democrático possível, que não haja nenhum abuso, que faça aquilo que a Justiça determinou que faça e depois apresente para a sociedade aquilo que eles encontraram", afirmou o ex-presidente. 

Jair Bolsonaro

Além disso, Lula afirmou que o 08 de janeiro não teria acontecido sem o ex-presidente, Jair Bolsonaro. 

"Não teria acontecido sem ele [Bolsonaro]. O comportamento dele foi muito diferente, primeiro antes das eleições. Ele passou o tempo inteiro mentindo sobre as eleições, sobre as urnas, criando suspeição de uma urna que foi responsável pela eleição dele em 2018."

Lula também ressaltou a importância de uma investigação abrangente sobre todos os envolvidos na suposta tentativa de golpe, enfatizando que o episódio de 8 de janeiro não teria ocorrido sem a participação de Bolsonaro. 

"Tem muita gente envolvida, acho que tem muita gente que vai ser investigada, porque o dado concreto é que houve uma tentativa de golpe, uma política de desrespeito à democracia, houve a tentativa de destruir uma coisa que nós construímos há tantos anos, que é o processo democrático. E essa gente tem que ser investigada", disse Lula. 

Nesta quinta-feira (08), a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente, em Angra dos Reis. Bolsonaro ainda foi intimado a entregar seu passaporte, que não estava na residência, dentro de 24 horas e teve celulares de assessores apreendidos.

Entenda o caso

A operação, denominada Operação Tempus Veritatis, faz parte da investigação que apura a tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito nos atos do dia 8 de janeiro de 2023.

Além de Bolsonaro, são alvos da operação o ex-deputado e presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, militar e ex-ministro de Bolsonaro, Walter Braga Netto, o general Augusto Heleno, o general Paulo Sérgio Nogueira, responsável pela pasta da Defesa, e Anderson Torres, antigo ministro da Justiça e Segurança Pública.

A operação cumpre 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares. De acordo com a PF, as investigações apontam que o grupo de aliados do ex-presidente se dividiu em núcleos para alegar fraude nas Eleições de 2022 e legitimar uma intervenção militar no país.

Os investigadores acreditam que um dos núcleos do grupo atuava na disseminação de notícias falsas de fraude nas eleições no caso de vitória do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Este também também auxiliava no questionamento da segurança das urnas eletrônicas.

Um segundo núcleo do grupo bolsonarista, então, promovia atos de violência para subsidiar um golpe de Estado. Este núcleo contava com apoio de militares e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível, segundo a PF.


Confira a nota oficial divulgada pela PF:

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (8/2) a Operação Tempus Veritatis para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.

Estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas. Policiais federais cumprem as medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal, nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.

Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.

O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.

O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.

O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal.

Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Fonte: Brasil 247

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