O prefeito eleito de Teresina, Silvio Mendes (União Brasil), disse que a equipe de transição dele encontrou desvios de verbas milionários na Fundação Municipal de Saúde (FMS). Segundo Silvio Mendes, os desvios totalizam cerca de R$ 20 milhões.
Em entrevista nessa segunda-feira (4), o prefeito eleito disse que as irregularidades foram descobertas em auditoria realizada a pedido do atual presidente da pasta, o médico Ítalo Costa.
"Nessa transição tomamos conhecimento de uma coisa terrível e que naturalmente a gestão municipal deverá tornar pública, porque é muito grave, coisa que eu nunca vi. É desvio de dinheiro mesmo, da saúde, quando está faltando praticamente tudo", comentou Silvio Mendes.
O dinheiro desviado teria sido transferido para clínicas particulares que prestaram serviços para a Fundação. As clínicas teriam sido pagas com valores multiplicados, que chegavam a ser 30 vezes maior do que o devido.
Em nota, a FMS confirmou que as irregularidades foram constatadas em auditoria realizada a mando da atual gestão, que ainda está em andamento, em caráter sigiloso. A Fundação também informou que o resultado da auditoria será encaminhado ao Ministério Público.
Confira a nota da Fundação Municipal de Saúde:
A presidência da FMS informa que sobre a notícia de desvio de verbas na gestão da saúde na Capital, informamos que se trata de apuração realizada pela atual gestão da FMS, em procedimento de auditoria interna. A realização de auditorias foi uma das metas adotadas e perseguidas pela atual gestão, buscando a aplicação da lei e, indiretamente, a redução das despesas e evasão das receitas. O procedimento que temos adotado é o de apuração interna em caráter sigiloso, e encaminhamento imediato ao ministério público, após a sua conclusão. Em razão disso, não podemos fornecer maiores detalhes sob pena de prejuízo à auditoria, ainda em curso.
TCE identificou o sumiço de $ 17 milhões em emendas parlamentares
Em maio deste ano, o Tribunal de Contas do Piauí (TCE-PI) divulgou um relatório de uma auditoria realizada na Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina, onde foram encontradas nove irregularidades na gestão entre os anos de 2023 e 2024, entre elas o sumiço de R$ 17 milhões em emendas parlamentares.
O processo de auditoria constatou que a FMS não sabe quais as dívidas provenientes dos exercícios anteriores, não tem planejamento para a aquisição dos insumos e não segue um calendário de pagamento que respeite a ordem cronológica das dívidas junto aos fornecedores e ainda a existência de falhas contábeis que permitam identificar a origem dos recursos e em que eles foram aplicados.
Algumas irregularidades dizem respeito a aspectos contábeis que acabaram prejudicando a organização financeira da pasta. No texto, o TCE aponta que não é possível rastrear para onde foram os recursos oriundos de emendas parlamentares. Essas emendas que não podem ser identificadas onde houve a aplicação, por exemplo, somam mais de R$ 17 milhões. A isso, somam-se os valores repassados pela Secretaria do Tesouro Nacional para o custeio do Sistema Único de Saúde (SUS) e outros eventuais repasses federais. Todas essas despesas ficam sem identificação, demonstrando falhas no controle interno da FMS.