Política

AUTONOMIA E UNIDADE REGIONAL

Lula denuncia intervenções externas na América Latina durante Cúpula UE-CELAC

Esta é a quarta cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos e a União Europeia, e o décimo encontro desde 1.999

Segunda - 10/11/2025 às 12:27



Foto: Lula defendeu a soberania regional e condenou a presença militar de potências estrangeiras em território latino-americano
Lula defendeu a soberania regional e condenou a presença militar de potências estrangeiras em território latino-americano

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da 4ª Cúpula UE-CELAC, realizada nos dias 9 e 10 de novembro de 2025, em Santa Marta, na Colômbia. O evento, marcado pela ausência de líderes europeus de peso, ganhou destaque pelo forte discurso de Lula contra as intervenções externas na América Latina. O presidente defendeu a soberania regional e condenou a presença militar de potências estrangeiras em território latino-americano.

Críticas à militarização e defesa da paz

Em sua fala, Lula foi direto: “A América Latina e o Caribe devem ser uma zona de paz, sem espaço para bases estrangeiras ou intervenções armadas”. O presidente alertou para o risco de uma nova dinâmica de Guerra Fria no continente e questionou a movimentação de navios de guerra dos Estados Unidos no mar do Caribe. “A reunião só tem sentido se discutirmos os navios de guerra estadunidenses nos mares da América Latina”, afirmou.

Segundo ele, “problemas políticos não se resolvem com armas. Resolvem-se com diálogo”. A declaração foi interpretada como crítica às ações militares recentes na região, muitas vezes sem respaldo do direito internacional, conforme alertou a Human Rights Watch.

Apelo à autonomia e à unidade regional

Lula também reforçou a necessidade de união entre os 33 países da CELAC: “Somente unidos seremos capazes de garantir um desenvolvimento soberano, justo e sustentável”. E completou: “Não podemos continuar dependendo de decisões externas para definir nosso futuro”.

O discurso fortaleceu a proposta de uma América Latina com voz própria e articulação política autônoma. A defesa da cooperação Sul-Sul e do protagonismo regional esteve no centro da fala do presidente.

Implicações para o Brasil

Para o Brasil, Lula destacou que a presença militar em zonas próximas à fronteira amazônica “não interessa a nós, muito menos uma solução militar na nossa fronteira norte”. A fala reafirma a linha diplomática do governo brasileiro, que valoriza o multilateralismo e o diálogo como ferramentas centrais da política externa.

Diálogo com a Europa sob condições

Ao se dirigir à União Europeia, Lula sinalizou abertura à cooperação, mas impôs limites claros: qualquer parceria deve respeitar a soberania dos países da CELAC. O presidente brasileiro defendeu que a relação bi-regional avance em temas como energia limpa, inovação e segurança alimentar, sem ignorar o histórico de intervenções e desequilíbrios geopolíticos.

Frases marcantes do discurso

  • “A América Latina e o Caribe devem ser uma zona de paz, sem bases estrangeiras ou intervenções armadas.”
  • “Problemas políticos não se resolvem com armas; resolvem-se com diálogo.”
  • “Não podemos continuar dependendo de decisões externas para definir nosso futuro.”
  • “A reunião só tem sentido se discutirmos os navios de guerra nos mares da América Latina.”

O discurso de Lula reforça três pontos:

  1. A soberania e a paz como princípios inegociáveis.
  2. A autonomia regional frente às ingerências externas.
  3. O protagonismo do Brasil como mediador e defensor dos interesses latino-americanos.

Apesar das ausências europeias, a cúpula UE-CELAC serviu como palco para o Brasil reafirmar seu compromisso com uma América Latina soberana, cooperativa e livre de intervenções ilegítimas. 

O encontro reuniu líderes europeus e latino-americanos e caribenhos para discutir uma ampla agenda global, com ênfase em educação, saúde, inovação, inteligência artificial, comércio, investimentos e combate ao crime organizado. Esta é a quarta cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos e a União Europeia, e o décimo encontro entre as duas regiões desde 1999.

Fonte: Rede Estação Democracia

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