Política

COBRANÇA

Líder ruralista critica pressão de Bolsonaro por apoio a Lira

Para o deputado Alceu Moreira, é ‘erro’ atribuir bons resultados do setor apenas ao governo; ‘FPA não é partido’, afirma ele.

Redação

Quarta - 13/01/2021 às 10:38



Foto: Foto: Marcos Correa / Estadão Moreira diz que Bolsonaro não pode ‘usar políticas de governo’ para cobrar apoio
Moreira diz que Bolsonaro não pode ‘usar políticas de governo’ para cobrar apoio

As cobranças do presidente Jair Bolsonaro pelo apoio da bancada ruralista ao deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), seu candidato à presidência da Câmara, desagradaram integrantes da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA). Para parlamentares do grupo, Bolsonaro erra ao atribuir os resultados do setor apenas ao governo e ao usar esse argumento para exigir adesão ao seu candidato na eleição do Legislativo.

“É um erro ingênuo do governo. A FPA não é partido, isso é um erro político”, disse o líder da bancada, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), ao Estadão/Broadcast. Moreira foi um dos que declararam apoio ao correligionário Baleia Rossi (MDB-SP), candidato do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).


Em conversa com apoiadores na segunda-feira, 11, Bolsonaro afirmou que o campo “nunca teve um tratamento tão justo e honesto” quanto em seu governo. Segundo ele, o agronegócio está “bombando” e, por isso, parlamentares da bancada deveriam apoiar o candidato do governo. “Alguns parlamentares do campo, ao invés de apoiar o nosso candidato, estão apoiando outro candidato. Eu não entendo”, disse o presidente, no portal do Palácio da Alvorada.

O presidente voltou ao assunto na terça-feira, 12, com uma nova cobrança pública e argumentou que Lira permitirá o avanço da reforma agrária e da regularização fundiária. “Se fizer a regularização fundiária nós vamos saber de quem é o CPF daquela pessoa daquela terra que desmatou ou pegou fogo, e o atual presidente da Câmara ainda não permitiu que isso fosse votado”, disse Bolsonaro. Uma medida provisória sobre o tema enfrentou resistência de parlamentares e foi apelidada de MP da Grilagem. Sem acordo para votação, o texto perdeu a validade no ano passado.

O líder da bancada ruralista rebateu os argumentos de Bolsonaro e criticou o fato de o chefe do Executivo usar políticas de governo para cobrar apoio numa eleição interna da Câmara. “O sucesso do agro tem a participação do governo, com o brilhantismo da ministra (da Agricultura) Tereza Cristina e também com a atuação da Frente, mas quem merece os aplausos é sua excelência, o produtor rural”, declarou Moreira. Para ele, as bandeiras são convergentes e a disputa no Legislativo não pode se transformar numa disputa entre Maia e Bolsonaro.

>> MDB escolhe Simone Tebet para disputar presidência do Senado

>> Vereador Jeová Alencar disse que tem base forte e não precisa "mendigar migalhas"



‘Chantagem’
Para o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), que faz parte da FPA, o que Bolsonaro faz é “chantagem”. “A bancada é suprapartidária e independente. Qualquer tentativa de torná-la submissa a qualquer liderança política gerará sentimento de corpo contra essa liderança”, disse o parlamentar.

A FPA tem 241 deputados. Entre os integrantes, estão tanto aliados de Baleia quanto de Lira – os dois, inclusive, fazem parte da bancada ruralista.

Aliado de Lira e um dos vice-presidentes do grupo, o deputado Evair de Melo (Progressistas-ES) negou que haja qualquer crise com o governo por causa das declarações do presidente. “Não tem apoio formal da frente, isso não é um assunto para a bancada tratar, por isso, não tem crise instalada”, afirmou. Melo disse, no entanto, que a maioria dos deputados na bancada já apoia o candidato de seu partido.

O deputado Sérgio Souza (MDB-PR), que assumirá a presidência da bancada a partir do dia 22 no lugar de Moreira, também minimizou as cobranças do presidente. “É o estilo de Bolsonaro. Ele fala o que pensa. Não há um racha dentro da FPA, um afastamento do governo, não há. As pautas do governo e da FPA são praticamente as mesmas”, disse Souza. Segundo ele, a preocupação do grupo é que tanto Baleia quanto Lira se comprometam a votar projetos defendidos pelos ruralistas. “Temos um papel de ter uma pauta, defendemos essa pauta e vamos cobrar dos candidatos o compromisso com isso”, afirmou.

Fonte: Estadão

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: