ENTREVISTA

Deputado Limma defende rigor na defesa dos mais vulneráveis e na preservação ambiental

Se houver um desmatamento descontrolado, que não preserva as nascentes, o primeiro impacto é nos rios, no Rio Parnaíba


O deputado Limma entregando o documento a Lula

O deputado Limma entregando o documento a Lula Foto: Assessoria do parlamentar

O deputado estadual Francisco Limma, ex-presidente do PT no Piauí e candidato a reeleição quer mais ação dos governos e dos demais poderes para uma solução definitiva para os conflitos agrários que se agravam no Sul do Piauí, onde grandes empresas do agronegócio, fazendeiros e grileiros estariam expulsando famílias e comunidades tradicionais de suas terras, devastando áreas sem cuidados ambientais com fauna, flora e nascente de rios, como o Parnaíba, um dos prejudicados.

Nesta entrevista, Limma fala de geração de empregos, do encontro com Lula em Teresina no dia 3 deste mês e de preocupações com o desenvolvimento do estado.

A seguir, na íntegra, a entrevista do deputado Limma:

Repórter - O que o senhor tratou com o ex-presidente Lula na conversa que teve quando ele visitou o Piauí no início deste mês? 

Limma - Bom, estive com o presidente Lula (em 03.08) ainda no aeroporto, antes de sua partida. Ali entreguei a ele um relatório sobre “os custos sociais e ambientais dos negócios da terra na região do MATOPIBA", que têm gerado conflitos e dificultado a relação para regularização fundiária com as famílias e com as comunidades tradicionais na região dos cerrados no Piauí e de todo o MATOPIBA (área de confluência dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). No relatório estão chamando atenção para a volta à pauta das cenas de violência, hoje estimuladas pelo próprio governo federal.

Repórter - E falaram também sobre economia, emprego e outros temas?

Limma - Sim. Também tratamos com o nosso sempre presidente Lula o fortalecimento dos bancos comunitários, como estratégia de fortalecer a economia local e apoiar o empreendedorismo social através da economia solidaria no Brasil e no Piauí, e principalmente para as comunidades mais carentes do nosso Estado.

Repórter - Por que defender a economia solidária?

Limma - Por que nós temos uma massa de famílias ainda à margem da pobreza e que elas precisam ser inseridas num processo econômico local. E não é uma economia capitalista qualquer. Ela tem que ser uma economia solidária que passa a ter força e a ter espaço para viabilizar e melhorar a renda dessas pessoas e a inclusão produtiva dessas pessoas na economia.

Repórter - Depois de mais de 15 anos com o Cocal em São João Do Arraial, como o senhor avalia essa experiência da moeda social em seu município?

Limma - É uma experiência positiva. A prova disso é que em 2021 circularam, através do “Banco dos Cocais”, cerca de 10 milhões de reais para viabilizar famílias de baixa renda, microcrédito, projetos produtivos, projetos de inclusão produtiva e social. Então o “Banco dos Cocais” é uma realidade e tem ajudado a economia do município apoiado a melhoria de vida dos mais pobres.

Repórter - O senhor tem acompanhado os conflitos de terra gerado com agronegócio no Piauí. Qual sua avaliação sobre o cenário atual desses conflitos?

Limma - É preocupante. Os conflitos se acirram, sobretudo na região do Cerrado. Antes eram mais no Norte, onde hoje tem uma situação mais ou menos pacificada, porque está se intensificando a regularização das áreas, com a entrega dos títulos de terra para as famílias, muitas delas com 20, 30 e até 40 anos vivendo no lugar sem nenhuma segurança. Agora, no Sul, é um conflito mais forte e até mais perigoso, eu diria.

Repórter - Por que mais perigosos?

Limma - Porque, de um lado, tem empresas do grande capital, financiadas pelos fundos internacionais de investimentos. Do outro lado tem as famílias, as comunidades tradicionais, que estão nos rincões ao longo dos vales dos rios e que estão sendo pressionadas e até violentadas para abandonar essas áreas. Assim,  é importante que o governo federal se atente par essa situação.

Repórter - Mas os grandes do agronegócio só falam em desenvolvimento e crescimento econômico...

Limma - Não somos contra o desenvolvimento. Mas temos a compreensão de que é importante reconhecer o direito das comunidades tradicionais, quilombola, indígenas, de ribeirinhas, de extrativistas de manterem-se em suas terras. O governo tem de proteger as famílias que estão ali há séculos. Precisamos, cada vez mais, de fortalecer a agricultura familiar e a economia solidaria.

Repórter - Há denúncias de agressão também ao meio ambiente nessas áreas de conflitos. O que fazer?

Limma - Todos sabemos que é importante preservar o meio ambiente. Se houver um desmatamento descontrolado, que não preserva as nascentes, o primeiro impacto é nos rios, no Rio Parnaíba. Então imagina o que será do Piauí com o Rio Parnaíba sem água. Se tem um impacto nas águas é importante tratar dessa questão ambiental com firmeza o seriedade.

Repórter - E o que fazer com essas grandes empresas envolvidas nesses conflito?

Limma - Nós reconhecemos o valor e o papel desses grandes empreendimentos na economia. Eles são importantes, mas devem seguir a lei e respeitar a vida das pessoas. Não podemos desconsiderar a questão social e a questão ambiental. O MATOPIBA é hoje um espaço de investimento dessas grandes empresas e sabemos que algumas estão desrespeitando os direitos sociais das comunidades tradicionais e desrespeitando as questões ambientais. E isso precisa parar, precisa mudar.

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