Política

DITADURA

Alepi lembra 60 anos do Golpe Militar e homenageia vítimas em solenidade

Um dos homenageados na solenidade, Edval Nunes Cajá, foi o último preso político libertado durante a ditadura

Da Redação

Segunda - 01/04/2024 às 12:23



Foto: Reprodução/Francisco Correia Sessão solene na Alepi homenageia vítimas do Golpe Militar de 64
Sessão solene na Alepi homenageia vítimas do Golpe Militar de 64

A Assembleia Legislativa do Piauí (ALEPI) realizou nesta segunda-feira (1º), em lembrança aos 60 anos do Golpe Militar de 1964. A sessão foi proposta pelo deputado Ziza Carvalho (MDB) e aprovada unanimamente em sessão plenária da Casa.

Foram convidados para compor a mesa da sessão solene: Reginaldo Furtado, advogado e ex-presidente da OAB Piauí; Edvaldo Nunes Cajá, sociólogo pernambucano e ex-preso político; Pedro Laurentino, coordenador do Comitê Memória, Verdade e Justiça; Thays Dias, representante do Diretório Central de Estudantes da Universidade Federal do Piauí (DCE-UFPI); Maurício Solano, vice-presidente do Partido dos Trabalhadores do Piauí (PT-PI); Odaly Medeiros, presidente da Central Única dos Trabalhadores do Piauí (CUT-PI); e Núbia Lopes, superintendente de Relações Sociais do Governo do Piauí. Também esteve presente na solenidade o advogado e ex-presidente da OAB-PI, Reginaldo Furtado, um dos perseguidos políticos da Ditadura.

O deputado Franzé Silva (PT), presidente da Alepi, afirmou que a solenidade tem o objetivo de lembrar os crimes cometidos durante o golpe e não deixar que se repitam.

"Diferentemente do que aconteceu na Argentina, onde houve a punição de quem foi contra a Democracia, aqui no Brasil não houve a punição de quem tramou e agrediu a democracia. Na Argentina, não se fala mais em golpe, porque foi dado um exemplo. No Brasil, nós precisamos estar muito atentos, pois vimos, recentemente, nossa democracia ser ameaçada. É preciso que os brasileiros estejam preparados para não deixar que anti-democratas se aventurarem a querer agredir a democracia novamente", afirmou o presidente da Assembleia.

Segundo Ziza Carvalho, "o Brasil sempre passou a mão na cabeça dos golpistas, por isso a história brasileira é recheada de golpes ou tentativas de golpes". O deputado também criticou a tentativa de anistia aos presos do 8 de janeiro de 2023, e chamou os envolvidos nos ataques de "delinquentes, que não sabem se comportar e viver de forma democrática, respeitando a democracia, as instituições, as urnas e a soberania popular".

Ziza Carvalho lembrou as vítimas do Golpe Militar de 64: são 434 mortos ou desaparecidos, 20 mil torturados física ou psicologicamente, e 7 mil exilados. O deputado ainda homenageou o pai, Ubiraci Carvalho (in memoriam), professor, ex-deputado estadual e ex-secretário de Educação do Estado, uma das vítimas do Golpe Militar no Piauí.

De acordo com Ziza Carvalho, uma investigação feita em nome de seu pai apontou que o Serviço Nacional de Informações (SNI) ainda vigiava os passos dos líderes políticos do estado, mesmo após o fim da Ditadura.

Durante a sessão, foram homenageados pessoas perseguidas pelo regime militar em Teresina e no país. Um dos homenageados, Edval Nunes Cajá, foi o último preso político libertado durante a ditadura.

 Edval Cajá, sociólogo pernambucano

Pernambucano, Edval Cajá cursava, na época, Ciências Sociais na Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), e participava ativamente do movimento estudantil, além de integrar a Comissão de Justiça e Paz, organizada por Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife (PE). Cajá foi sequestrado por agentes da ditadura, sendo submetido à torturas durante 3 dias e mantido em cárcere privado por 12 meses.

Depois da solenidade, uma exposição fotográfica referente aos anos de perseguição militar, organizada pelo Comitê Memória, Verdade e Justiça, foi aberta à visitação.

Lidiane César, da OAB-PI, o ex-vereador Pedro Laurentino, o advogado Reginaldo Furtado e o turismólogo Francisco Correia

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