
A crescente inserção de mulheres em facções criminosas chama atenção em todo país. No Piauí, ações da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-PI) resultaram na prisão de várias mulheres envolvidas ativamente com organizações criminosas. A operação mais recente foi a 'Faixa Rosa', deflagrada na quarta-feira (30) e que prendeu 11 mulheres.
A polícia também chama atenção para o uso das redes sociais pelas "blogueiras do crime". Segundo a Polícia Civil do Piauí, algumas mulheres com grande número de seguidores nas redes sociais estão envolvidas com facções criminosas, tráfico de drogas e apologia ao crime, o que despertam alerta das autoridades de segurança pública.
A polícia alertou para o que parece apenas um perfil de “vida luxuosa” nas redes sociais, na verdade vem ganhando uma nova e perigosa conotação, o uso das plataformas digitais por influenciadoras para promover e fortalecer o crime organizado.
"De 2023 a 2025, diversos casos envolvendo mulheres com milhares de seguidores chamaram a atenção da Secretaria de Segurança Pública, que passou a tratar o fenômeno como uma nova estratégia de recrutamento, naturalização da violência e lavagem de imagem por parte de facções criminosas", informou a polícia.
Uma das presas na Operação Faixa Rosa, foi a blogueira Ana Azevedo, de Teresina, acusada de integrar facção criminosa e de exercer funções como logística do tráfico, disciplina interna e arrecadação de dinheiro ilícito. Segundo a polícia, Ana chegou a ser expulsa de Teresina por rivais.
Ela morava na região do bairro Dirceu, na zona Sudeste da capital, mas foi expulsa por integrantes de uma facção. Um tempo depois, a blogueira retornou para Teresina. Ela foi presa no bairro Santo Antônio, no residencial Dagmar Mazza, zona Sul de Teresina.
Ana Azevedo ostentava uma vida de luxo nas redes sociais / Foto: Redes sociais
Segundo investigações da Polícia Civil, essas influenciadoras, que chegam a somar mais de meio milhão de seguidores, não apenas ostentam um estilo de vida incompatível com suas rendas declaradas, como também fazem apologia ao crime, exibem armas, divulgam jogos de azar ilegais, ameaçam rivais e propagam símbolos de facções, tudo com aparência de “conteúdo comum”.
Entre os casos mais emblemáticos está o da jovem Samya Silva, de 21 anos, conhecida nas redes como influencer e apostadora do “jogo do tigrinho”. Samya foi assassinada por membros de uma facção rival, da qual fazia parte. Com quase 50 mil seguidores no Instagram, a jovem postava sua rotina e vídeos comemorando votos no STF a favor da descriminalização do porte de maconha. Horas antes de ser morta, Samya havia publicado um vídeo mencionando uma briga em uma festa.
Samya Silva foi assassinada por membros de uma facção rival / Foto: Redes Sociais
Outras influenciadoras acabaram presas durante a Operação Jogo Sujo, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), que combate a promoção de jogos de azar ilegais na internet. Entre as presas estão Brenda Raquel (Brenda Ferreira) , Letícia Ellen, Milena Pamela e Marta Evelin (Yrla Lima). Elas eram contratadas por plataformas de apostas para divulgar o serviço como se fossem marcas comuns, aproveitando seus altos números de seguidores.
Influencers presas na Operação Jogo Sujo
O delegado Humberto Mácola alertou que, “apesar de parecer algo inofensivo, os jogos ilegais destroem famílias e arrastam pessoas ao desespero. Muitas venderam seus bens para continuar apostando”.
Outro caso de repercussão é o da influenciadora Maria Eduarda Sousa, conhecida como “Charmosinha do 15”, presa em março de 2025 pelo DRACO (Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas).
Com mais de 35 mil seguidores, ela promovia jogos ilegais e é investigada por assaltos, tráfico e ligação direta com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Só entre 2024 e 2025, Maria Eduarda foi presa três vezes.
Charmozinha do 15 é apontada como integrante do PCC / Foto: Redes Sociais
O delegado Charles Pessoa, do DRACO, explica o uso das redes sociais como vitrine do crime.
“Essas influenciadoras do mal estão tentando disseminar a cultura da criminalidade para os jovens. Mas não se enganem, elas não são apenas blogueiras, são criminosas. Estamos atentos e vamos continuar combatendo esse fenômeno. A Segurança Pública do Piauí vê além dos filtros, além das telas".
Ainda segundo a autoridade policial a crescente associação entre redes sociais e facções criminosas é um sinal de alerta não só para as autoridades, mas também para a sociedade, que muitas vezes consome esse tipo de conteúdo sem perceber o dano coletivo que ele representa.
Fonte: Com informações da Polícia Civil