
Lula comentou que o presidente Trump precisa avaliar melhor as consequências dessa decisão. "Se ele acha que aumentar as tarifas sobre tudo o que os Estados Unidos importam vai ajudar, está enganado. Isso vai ser prejudicial para os EUA. Vai aumentar o preço dos produtos, o que pode causar inflação, algo que ele ainda não percebeu", disse Lula.
O presidente brasileiro também lembrou que os EUA importam muitos carros do Japão e várias empresas japonesas produzem carros no território americano. "A única coisa que sei é que isso vai tornar os carros mais caros para o povo americano. E esse aumento pode gerar inflação, que pode levar ao aumento dos juros, o que afetaria ainda mais a economia", completou.
Sobre as tarifas impostas pelos EUA ao aço e alumínio brasileiros, Lula afirmou que o Brasil recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC) para tentar reverter a medida. "Vamos recorrer à OMC e, se isso não resolver, podemos aplicar tarifas sobre os produtos americanos que importamos, com base na lei da reciprocidade", explicou.
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de boas-vindas. Palácio Imperial do Japão. Foto: Ricardo Stuckert
Lula também expressou sua preocupação com o aumento do protecionismo comercial, afirmando que o livre comércio está sendo prejudicado e que o presidente dos EUA não pode se comportar como "xerife do mundo".
Na mesma entrevista, o presidente comentou as negociações com o Japão para expandir a exportação de carne bovina brasileira. "O primeiro-ministro japonês vai enviar uma missão para avaliar a carne brasileira e acredito que, ainda este ano, teremos uma solução para isso", disse Lula. Ele também anunciou que, ao assumir a presidência do Mercosul no segundo semestre, trabalhará para avançar com um acordo comercial entre o bloco e o Japão.
A visita de Lula ao Japão começou na segunda-feira (24), e ele participou de várias atividades, como reuniões com empresários brasileiros do setor de carne, uma cerimônia de boas-vindas no Palácio Imperial e encontros com autoridades japonesas. Ele também pediu o apoio do Japão na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, no Brasil, em 2025.
Na quarta-feira (26), o presidente teve uma agenda cheia, com reuniões com representantes de sindicatos e empresários, além de um evento para discutir o comércio Brasil-Japão. Durante o Fórum Empresarial, Lula convidou os japoneses a investirem no Brasil e criticou o aumento do protecionismo e do negacionismo climático. Também foi anunciado um acordo entre a Embraer e a ANA, maior companhia aérea do Japão, para a compra de jatos E-190.
Após as reuniões bilaterais, Lula se encontrou com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, para firmar compromissos entre os dois países. Foram assinados dez acordos de cooperação em áreas como comércio, indústria e meio ambiente. A visita continua com a ida para Hanói, no Vietnã, a segunda parte da viagem.Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com integrantes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC). Hotel Imperial - Japão Foto: Ricardo Stuckert / PR
Fonte: Agência Brasil