Mundo

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Empresa anuncia "desextinção" do lobo-terrível e provoca debates

Colossal Biosciences revelou ter criado filhotes de lobo-terrível em laboratório

Da Redação

Quarta - 09/04/2025 às 09:30



Foto: Colossal Biosciences Impresa afirma ter restaurado lobo de 12 mil anos pela primeira vez por meio da “ciência da desextinção”
Impresa afirma ter restaurado lobo de 12 mil anos pela primeira vez por meio da “ciência da desextinção”

Recentemente, uma imagem impressionante de um lobo branco, com pelagem tão pura quanto a neve, foi exibida na capa da revista Time, acompanhada de uma manchete anunciando que a espécie do lobo-terrível "retornou" da extinção.

O lobo-terrível, também conhecido como Aenocyon dirus, ficou famoso ao ser mencionado na série Game of Thrones, mas ele realmente existiu há mais de 10 mil anos, vagando pelas Américas. A empresa responsável por esse feito é a Colossal Biosciences, que revelou na segunda-feira (7/4) que havia criado o que chamou de "os primeiros animais desextintos do mundo".

A Colossal postou um vídeo nas redes sociais com o som de filhotes de lobo-terrível uivando. Segundo a companhia, esses filhotes foram gerados por meio de tecnologias avançadas de edição genética.

Além de trabalhar com lobos, a empresa também está explorando a possibilidade de trazer de volta outras espécies extintas, como o mamute-lanoso, o dodô e o lobo-da-tasmânia.

No entanto, especialistas em biologia estão questionando se o que foi feito realmente é uma "desextinção". Muitos argumentam que, apesar de parecerem com os lobos terríveis, os filhotes gerados pela Colossal são, na verdade lobos-cinzentos modificados geneticamente.

O projeto da Colossal começou com a coleta de DNA antigo de um lobo-terrível. Eles usaram um dente de 13 mil anos e um pedaço de crânio de 72 mil anos, ambos encontrados nos Estados Unidos. Esse material genético foi sequenciado para entender as características dessa espécie extinta e encontrar o parente vivo mais próximo: o lobo-cinzento.

Após essa análise, os cientistas realizaram edições genéticas nos lobos-cinzentos, modificando 14 genes para recriar algumas das características do lobo-terrível, como o porte maior, a pelagem branca e o formato da cabeça. O processo de modificação genética envolveu o uso de Crispr e outras tecnologias para ajustar os genes dos lobos-cinzentos e torná-los mais semelhantes ao lobo-terrível.

Após alterar o DNA, o núcleo de uma célula de lobo-cinzento foi colocado em um óvulo, e o embrião gerado foi implantado em uma cadela doméstica. Essa cadela gerou três filhotes de lobo-terrível, batizados de Rômulo, Remo e Khaleesi.Filhotes criados em laboratório pela Colossal Biosciences, que se refere a eles como a “ressuscitação” do lobo-terrível. Crédito: Colossal Biosciences

Contudo, muitos cientistas afirmam que o que a Colossal produziu não é um lobo-terrível real, mas sim um híbrido, já que as duas espécies separaram-se há milhões de anos. Além disso, o DNA antigo do lobo-terrível foi tão danificado que não poderia ser usado para recriar a espécie de forma exata. Portanto, a Colossal apenas usou trechos do DNA do lobo-terrível para modificar os lobos-cinzentos, o que, segundo críticos, não é exatamente uma "desextinção".

A Colossal defende seu trabalho, argumentando que o que foi feito é, sim, uma recriação de uma espécie com as mesmas características do lobo-terrível. A empresa também acredita que essa técnica pode ser útil para combater a extinção em massa, ajudando na preservação de espécies ameaçadas e no equilíbrio dos ecossistemas, já que animais como lobos e mamutes eram essenciais para manter a dinâmica de muitos ambientes naturais.

Apesar disso, a questão de como essas espécies "desextintas" seriam reintroduzidas na natureza ainda gera muitas dúvidas. Afinal, esses animais precisariam de grandes territórios e condições adequadas para sobreviver, o que pode ser um desafio no mundo moderno.

Essa iniciativa da Colossal certamente abre um debate sobre as implicações da edição genética e suas possibilidades em termos de conservação, mas também levanta questões éticas sobre o que significa realmente "trazer de volta" uma espécie extinta.Os três filhotes de lobo foram chamados de Rômulo, Remo e Khaleesi

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia:

<