
Recentemente, uma imagem impressionante de um lobo branco, com pelagem tão pura quanto a neve, foi exibida na capa da revista Time, acompanhada de uma manchete anunciando que a espécie do lobo-terrível "retornou" da extinção.
O lobo-terrível, também conhecido como Aenocyon dirus, ficou famoso ao ser mencionado na série Game of Thrones, mas ele realmente existiu há mais de 10 mil anos, vagando pelas Américas. A empresa responsável por esse feito é a Colossal Biosciences, que revelou na segunda-feira (7/4) que havia criado o que chamou de "os primeiros animais desextintos do mundo".
A Colossal postou um vídeo nas redes sociais com o som de filhotes de lobo-terrível uivando. Segundo a companhia, esses filhotes foram gerados por meio de tecnologias avançadas de edição genética.
Além de trabalhar com lobos, a empresa também está explorando a possibilidade de trazer de volta outras espécies extintas, como o mamute-lanoso, o dodô e o lobo-da-tasmânia.
No entanto, especialistas em biologia estão questionando se o que foi feito realmente é uma "desextinção". Muitos argumentam que, apesar de parecerem com os lobos terríveis, os filhotes gerados pela Colossal são, na verdade lobos-cinzentos modificados geneticamente.
O projeto da Colossal começou com a coleta de DNA antigo de um lobo-terrível. Eles usaram um dente de 13 mil anos e um pedaço de crânio de 72 mil anos, ambos encontrados nos Estados Unidos. Esse material genético foi sequenciado para entender as características dessa espécie extinta e encontrar o parente vivo mais próximo: o lobo-cinzento.
Após essa análise, os cientistas realizaram edições genéticas nos lobos-cinzentos, modificando 14 genes para recriar algumas das características do lobo-terrível, como o porte maior, a pelagem branca e o formato da cabeça. O processo de modificação genética envolveu o uso de Crispr e outras tecnologias para ajustar os genes dos lobos-cinzentos e torná-los mais semelhantes ao lobo-terrível.
Após alterar o DNA, o núcleo de uma célula de lobo-cinzento foi colocado em um óvulo, e o embrião gerado foi implantado em uma cadela doméstica. Essa cadela gerou três filhotes de lobo-terrível, batizados de Rômulo, Remo e Khaleesi.Filhotes criados em laboratório pela Colossal Biosciences, que se refere a eles como a “ressuscitação” do lobo-terrível. Crédito: Colossal Biosciences
Contudo, muitos cientistas afirmam que o que a Colossal produziu não é um lobo-terrível real, mas sim um híbrido, já que as duas espécies separaram-se há milhões de anos. Além disso, o DNA antigo do lobo-terrível foi tão danificado que não poderia ser usado para recriar a espécie de forma exata. Portanto, a Colossal apenas usou trechos do DNA do lobo-terrível para modificar os lobos-cinzentos, o que, segundo críticos, não é exatamente uma "desextinção".
A Colossal defende seu trabalho, argumentando que o que foi feito é, sim, uma recriação de uma espécie com as mesmas características do lobo-terrível. A empresa também acredita que essa técnica pode ser útil para combater a extinção em massa, ajudando na preservação de espécies ameaçadas e no equilíbrio dos ecossistemas, já que animais como lobos e mamutes eram essenciais para manter a dinâmica de muitos ambientes naturais.
Apesar disso, a questão de como essas espécies "desextintas" seriam reintroduzidas na natureza ainda gera muitas dúvidas. Afinal, esses animais precisariam de grandes territórios e condições adequadas para sobreviver, o que pode ser um desafio no mundo moderno.
Essa iniciativa da Colossal certamente abre um debate sobre as implicações da edição genética e suas possibilidades em termos de conservação, mas também levanta questões éticas sobre o que significa realmente "trazer de volta" uma espécie extinta.Os três filhotes de lobo foram chamados de Rômulo, Remo e Khaleesi