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Religiosos e pesquisadores defendem fé que acolha população LGBTQIA+

1º Seminário Nacional LGBTQIA+ de Fé começa hoje no Rio

Da Redação

Terça - 04/02/2025 às 11:45



Foto: Arte Fundo Positivo/Divulgação Religiosidade
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Religiões podem ser espaços acolhedores e inclusivos para diferentes orientações sexuais e identidades de gênero. Pensando nisso, pesquisadores, ativistas e religiosos se reúnem a partir de hoje (4) no 1º Seminário Nacional LGBTQIA+ de Fé: diálogo inter-religioso e luta contra fundamentalismos. O evento vai até o dia 6 de fevereiro, na Biblioteca Parque Estadual, no centro do Rio de Janeiro.

A cientista da religião Giovanna Sarto é uma das organizadoras do evento, que vai contar com representantes de várias tradições religiosas, como Budismo, Islamismo, Candomblé, Umbanda, Catolicismo, Santo Daime, Hinduísmo, e também de igrejas evangélicas tradicionais e pentecostais.

Giovanna acredita que, por meio do diálogo e da mobilização, fé e diversidade sexual podem se tornar mais compatíveis. Ela observa que no Brasil, há mais aceitação nas religiões de terreiro como a Umbanda e o Candomblé, mas ainda existem aspectos conservadores que dificultam o diálogo. Ela também menciona que há grupos na Igreja Católica e nas igrejas pentecostais que estão mais abertos ao diálogo.

Um grande obstáculo para esse diálogo é o fortalecimento recente do fundamentalismo religioso, impulsionado por políticos conservadores. Giovanna explica que o fundamentalismo é quando grupos religiosos adotam uma interpretação literal dos textos sagrados, muitas vezes ignorando o contexto histórico, para justificar violência, exclusão e segregação.

Ela vê como contraditório que religiões, que sempre foram plurais e acolhedoras, se tornem excludentes e violentas contra a população LGBTQIA+. Ela cita o Cristianismo, que, ao observar seus textos originais, é uma religião com várias histórias sobre diferentes identidades e relações. Para ela, é paradoxal ver o Cristianismo de hoje como uma religião que define o que é certo ou errado em relação à sexualidade, quando sua origem era baseada em pluralidade e respeito.

O 1º Seminário Nacional LGBTQIA+ de Fé também contará com a presença de ativistas, artistas e políticos, como a vereadora Monica Benício (PSOL/RJ) e a deputada Dani Balbi (PcdoB/RJ). O evento, organizado pelo Fundo Positivo, discutirá temas como Terapia de Reversão, enfrentamento aos fundamentalismos, a Bíblia e a diversidade sexual e de gênero, além da intolerância religiosa no Brasil. Ao final, será publicada a Carta do Rio de Janeiro contra a LGBTfobia, para pressionar autoridades a adotarem políticas públicas de proteção à vida.

Héder Bello, coordenador de um dos grupos de trabalho do seminário, luta pela criminalização da “cura gay”. Ele, que passou por essa experiência durante sua adolescência, compartilha o sofrimento de ser submetido a tratamentos como psicólogos cristãos, exorcismos e jejum para tentar mudar sua sexualidade. Héder revela como essas experiências prejudicaram sua autoestima e saúde mental, levando-o a pensamentos suicidas.

Hoje, como pesquisador e estudante de psicologia, Héder defende a proibição dessas práticas e políticas de reparação para as vítimas. Ele acredita que a cura gay é uma tortura psicológica e emocional, que causa danos irreversíveis. Sua luta é para que nenhum jovem LGBTQIA+ passe por experiências tão dolorosas.

Fonte: Agência Brasil

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