Foto: Montagem Piauí Hoje
Homem diz que pai não morreu por Covid-19
Um vídeo polêmico que circula nas redes sociais mostra o depoimento de um homem identificado como Valdinar Santos, que acusa o Estado de acrescentar a morte de seu pai nas estatísticas de óbitos por Covid-19. Valdinar garante que seu pai não morreu em decorrência da Covid-19 e diz ainda que teve que enterrá-lo "em um saco preto, embolado, parecendo um bicho".
O lavrador aposentado Valdemar Pessoa dos Santos morreu aos 68 anos nesse domingo, dia 24 de maio, no Hospital Getúlio Vargas (HGV). O idoso era de Barro Duro e foi levado para Teresina após sentir uma forte dor de cabeça no dia 23 de abril. O aposentado foi transferido do hospital de Barro Duro para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT), onde foi diagnosticado com Acidente Vascular Cerebral (AVC). No dia 27 de abril, Valdemar passou por uma cirurgia e foi descoberto um aneurisma cerebral. Ele ficou em coma e foi transferido para o HGV para receber o tratamento,
Segundo Valdinar, o pai estava internado no HGV na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes não infectados pelo coronavírus. "Na segunda-feira da semana passada visitamos meu pai na área não Covid do Hospital Getúlio Vargas. Um médico disse que meu pai não estava mais grave, que estava estável, e que ele iria se recuperar aos poucos, mas que iria precisar fazer hemodiálise. Eu autorizei a hemodiálise. O médico disse que meu pai deu uma complicação nos pulmões e eu disse que deve ser porque ele era fumante a vida toda. Beleza! Mas nunca tocaram em covid-19", disse Valdinar.
Valdinar disse ainda que na sexta-feira voltou com seu irmão ao hospital. "Quando meu irmão ia entrando na UTI não covid, vem meu pai numa maca - em estado grave como eles disseram- usando uma fralda e nenhum aparelho ligado ao corpo. O pessoal trajado com aquelas roupas de segurança de Covid-19 disse para meu irmão aguardar que já voltavam para falar com ele. Meu irmão me liga dizendo que parece que papai morreu e que subiram com ele para a ala de Covid-19".
Uma médica não identificada disse aos filhos do paciente que o idoso fez um teste rápido de Covid-19 e que deu negativo, mas a mancha no pulmão era suspeita. "Ai meu pai desceu para a ala de Covid-19 e perguntei como é que podia se ele não tava com essa doença, eles estavam suspeitando e largaram ele lá no meio. Fomos para a recepção aguardar e veio um enfermeiro para comunicar que o exame da contraprova iria ser feito e o resultado sairia segunda ou terça-feira e que era para a gente ir embora. Sábado ontem (23) me ligaram e disseram que meu pai estava do mesmo jeito. Quando foi domingo, 3 horas da manhã, ligaram para meu irmão para que a gente levasse toda a documentação do meu pai. Eu já sabia que ele estava morto e sabia que eles iriam colocar Covid-19", explicou Valdinar.
O filho do idoso disse que no atestado tem cinco causas da morte e que uma delas é Covid-19. "Questionei a assistente social que estava preenchendo a declaração de óbito porque era Covid-19 e ela disse que é porque ele veio do HUT com Covid-19. Isso é mentira! Papai não morreu por covid-19 e eles colocaram nas estatísticas. Tive que enterrar meu pai em Teresina, minha mãe não viu, ficou lá. Questão de duas horas ele foi enterrado num saco preto, todo embolado, parecendo um bicho".
Por fim, Valdinar Santos diz o que fizeram é uma sacanagem e que achava que só acontecia na televisão. O Hospital Getúlio Vargas emitiu uma nota de esclarecimento sobre o caso. Confira abaixo:
Nota do HGV
O Hospital Getúlio Vargas (HGV) informa que o paciente Valdemar Pessoa dos Santos, 68 anos, deu entrada no HGV no dia 9 de maio em estado grave, com Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico, proveniente do Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Nesse dia, foi feito o teste rápido para a Covid-19 no momento da admissão, o resultado foi negativo. Ficou na UTI 3 (destinada a pacientes Não Covid), para tratamento.
A direção do HGV informa que como o paciente veio do HUT juntamente com uma paciente que testou positivo, apesar da negatividade do teste no primeiro momento, o paciente continuou em observação. Evoluiu com piora respiratória, sendo realizado Tomografia de tórax que evidenciou extensa opacidade em vidro fosco, com comprometimento entre 50 a 70%.
Por medidas de segurança do paciente e no contexto atual, por apresentar grande possibilidade de pneumonia viral, foi transferido para o isolamento respiratório.
O paciente, pelo estado grave que já se encontrava, não evoluiu bem ao tratamento e foi a óbito na madrugada do dia 24 de maio.
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