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MÉRITO

Niéde Guidon recebe título de Doutora Honoris Causa, maior honraria da UFPI

Niède Guidon foi homenageada em decorrência de suas pesquisas arqueológicas no Piauí, sendo responsável pela descoberta de mais de 800 sítios pré-históricos

Da Redação

Quarta - 10/07/2024 às 17:50



Foto: Divulgação/UFPI Niède Guidon foi homenageada com título de Doutora Honoris Causa
Niède Guidon foi homenageada com título de Doutora Honoris Causa

A cientista e arqueóloga Niède Guidon recebeu da Universidade Federal do Piauí o título de Doutora Honoris Causa, a maior honraria concedida pela instituição. A cerimônia aconteceu nesta quarta-feira (10) em São Raimundo Nonato (PI) e contou com a presença do reitor Gildásio Guedes. A concessão do título foi aprovada pela resolução Nº 138, de 21 de agosto de 2023, do Conselho Universitário (CONSUN).

O reitor da UFPI, Gildásio Guedes, comentou sobre a importância da Universidade no reconhecimento do trabalho científico.

“Eu me sinto muito feliz em participar deste momento histórico. É a UFPI fazendo mais uma vez história no Piauí. Este é um momento de preservar, reconstruir e construir o conhecimento aqui aplicado e o legado da doutora Niède. Estamos mostrando um trabalho científico, para que as pesquisas sejam ainda mais reconhecidas, agora no âmbito da Universidade, através da concessão deste título”, comentou.

Niède Guidon agradeceu a honraria e ressaltou a importância do reconhecimento de seu trabalho. Ela também destacou que ainda há muito a ser explorado na região: “É uma gentileza imensa receber este reconhecimento pelo meu trabalho, mas quem realmente merece isso é o homem pré-histórico, que deixou esse patrimônio fantástico na região da Serra da Capivara. Ainda há muitas áreas a serem completamente pesquisadas e um número fantástico de sítios arqueológicos a serem explorados”, completou.

O coordenador do curso de arqueologia da UFPI, Ângelo Lopes Corrêa, e a professora de Arqueologia da Instituição, Conceição Lage, falaram sobre a importância de Niède Guidon para o campo arqueológico e sobre o valor do título concedido à arqueóloga por suas descobertas e trabalhos na Serra da Capivara.

Na oportunidade, também estiveram presentes a arqueóloga francesa e diretora-presidente da FUNDHAM Anne Marie-Pessis; Rosa Trakalo; Elizabete Buco; e a membra da FUNDHAM, Maria Fátima Ribeiro Barbosa.

Niède Guidon foi homenageada em decorrência de suas pesquisas arqueológicas no Piauí, sendo responsável pela descoberta de mais de 800 sítios pré-históricos na área e vestígios dos primeiros habitantes humanos da Terra. Os vestígios de presença humana foram descobertos em escavações arqueológicas realizadas principalmente em abrigos rochosos naturais com muitas pinturas rupestres, no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, que foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1991.

A partir da exploração de sítios arqueológicos no Piauí e das datações realizadas na Serra da Capivara, Guidon deu forma à hipótese de que os humanos teriam chegado ao continente americano pela África. Segundo Niede Guidon, conforme artigo publicado em 2008, na revista Fapesp, o material arqueológico resgatado no Piauí até o início dos anos 2000 indica que o homem chegou à região há cerca de 100 mil anos.

A teoria de Guidon sobre a chegada do homem às Américas causou ruptura com o consenso científico tradicional da arqueologia, cristalizado pela dominância da visão norte-americana, que posiciona a chegada do homem nas Américas há cerca de 13 mil anos, vindo da Ásia, com passagem pelo Estreito de Bering, localizado entre a Sibéria e o Alasca, e que de lá, teriam migrado para o sul.

Niède Guidon atuou na área por cinco décadas, sendo diretora-presidente da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM). Atualmente, ela é presidenta emérita. Em 2018, a pesquisadora também foi condecorada com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).

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