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Idosa é mantida em situação análoga a de escravidão por mais de 70 anos

Mesmo quase cega e com traços de demência Maria era privada de seu celular e de sair da residência da família dos patrões

Da Redação

Segunda - 11/03/2024 às 15:49



Foto: Reprodução Idosa foi mantida em trabalho análogo ao de escravidão por 72 anos
Idosa foi mantida em trabalho análogo ao de escravidão por 72 anos

Maria de Moura, de 87 anos, foi resgatada de uma situação análoga a de escravidão após passar 72 anos trabalhando sem remuneração para uma família em Vassouras, no interior do estado do Rio de Janeiro. Mesmo quase cega e com traços de demência Maria era privada de seu celular e de sair da residência da família. A situação de exploração veio à tona em março de 2022,  quando o Ministério Público Federal (MPF) descobriu que ela estava sendo mantida em condições análogas à escravidão.

Nesta semana, a Justiça aceitou a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra Yonne Mattos Maia e seu filho André Luiz Mattos Maia Neumann, os antigos patrões de Maria. Eles são acusados de trabalho escravo.

Controlada em suas visitas à própria família e privada de seu celular, Maria passou todos esses anos sem liberdade e sem remuneração pelo trabalho. O Ministério Público do Trabalho (MPT) a resgatou após uma denúncia anônima, encontrando-a em estado debilitado e sem plano de saúde.

A denúncia revela ainda que, no momento da inspeção, o cartão do INSS de Maria estava em posse de André, que admitiu ter a senha. Embora Maria tenha uma aposentadoria como autônoma, graças ao apoio de sua irmã, André estava se apropriando indevidamente de seus recursos.

A defesa alega que Maria era tratada como “parte da família”, frequentando eventos sociais e viagens. Na realidade, era mantida em condições desumanas, trabalhando exaustivamente sem receber pagamento e sem liberdade de ir e vir.

Atualmente, ela recebe um salário mínimo da família Mattos Maia por decisão judicial enquanto aguarda o desenrolar do processo. A defesa dos acusados insiste que Maria seja ouvida no julgamento, mas seu estado de saúde, marcado por sinais de demência, complica esse pedido.

Embora o caso tenha se passado no Rio de janeiro, a situação de diversos trabalhadores resgatados de situações análogas a de escravidão não é tão diferente no Piauí. Em 2023, o Piauí teve 159 trabalhadores resgatados, tornando-se o primeiro lugar do Nordeste com mais registros de trabalhadores resgatados de condições análogas à de escravidão.

A produção de carnaúba representa o cenário com mais resgates. Foram 86 pessoas resgatadas, 54% do total. Em seguida vem extração de pedra, com 39 pessoas (24,5%); catação de raízes, com 19 pessoas (11,25%); pecuária, 5 pessoas (3,15%); produção de concreto, 8 pessoas (5%) e trabalho doméstico com 2 pessoas (1,25%).

Fonte: Mídia Ninja

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