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LUTA CONTRA A AIDS

Conheça a história de Lair Guerra, piauiense indicada ao Prêmio Nobel

Lair Guerra ficou conhecida internacionalmente na luta contra a AIDS que assustava o mundo no século XX

Da Redação

Domingo - 10/03/2024 às 10:19



Foto: Lula Marques/Folhapress Lair Guerra, símbolo de luta pelos direitos da pessoa com HIV
Lair Guerra, símbolo de luta pelos direitos da pessoa com HIV

A piauiense Lair Guerra Macedo Rodrigues foi indicada ao Prêmio Nobel. Natural de Curimatá, a 775 km de Teresina, Lair Guerra desempenhou um papel crucial no programa brasileiro de controle de doenças sexualmente transmissíveis, especialmente a AIDS. Importante lembrar que até o momento nenhum brasileiro ganhou o Prêmio Nobel. 

Ela graduou-se em Biomedicina na Universidade Federal de Pernambuco e é a idealizadora e responsável pelo Programa Nacional de Combate à AIDS. Em 1986, o Ministério da Saúde criou o programa e a convidou para coordenar as ações contra a doença no Brasil. A biomédica doutora em microbiologia e infectologista tinha 43 na época.

Na corrida contra o relógio para enfrentar uma epidemia, grave e mortal, a piauiense chegou a suspender o hábito de almoçar para ganhar tempo em um período de decisões urgentes em uma larga escala contra o vírus HIV, que assustava todo o mundo.

O Brasil desencadeou uma grande campanha para a prevenção da doença e foi a primeira nação a adotar, em larga escala, a terapia antirretroviral para todas as pessoas que dela necessitavam, independentemente da condição socioeconômica. Isto resultou em diminuição acentuada do número de hospitalizações, sequelas e mortes causadas pelo HIV. Graças a isto, o programa mostrou-se custo-efetivo, apesar de seu custo elevado.

Em reconhecimento ao trabalho de Lair Guerra, a Assembleia Geral da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, reunida durante o seu XL Congresso em Aracaju, indicou o seu nome para o Prêmio Nobel da Paz em 9 de março de 2004.

Biografia

Lair Guerra nasceu em 28 de março de 1943 no povoado Gety, que antes pertencia ao município de Parnaguá, hoje Curimatá (a 775 km de Teresina). Ela casou-se em 1962 e teve cinco filhos.

Cursou Ciências Biomédicas na Universidade de Pernambuco e em 1977 começou a lecionar Microbiologia na Universidade do Piauí e a administrar o laboratório da universidade. Em seguida, tendo obtido bolsa da Organização Pan-americana de Saúde, deslocou para a cidade de Atlanta, na Geórgia (EUA), com a família. 

Em Atlanta atuou como pesquisadora visitante na área de doenças sexualmente transmissíveis no Center for Disease Control (Centro de Controle de Doenças). Paralelamente, cursou o mestrado em Microbiologia na Georgia State University, enquanto acompanhava no CDC as primeiras pesquisas sobre o vírus HIV.

Depois de seis anos na Georgia, regressou ao Brasil, onde passou a atuar inicialmente como professora na Universidade de Brasília. Foi convidada a iniciar o programa brasileiro de DST/aids em 1986. Atuou como diretora desse programa por 10 anos, tendo trabalhado com dez ministros. Nesse período, conseguiu recursos do Banco Mundial, com os quais qualificou e treinou muitos profissionais para o combate às DST/aids.

Lair estabeleceu ainda centros de referência para o tratamento de pacientes, incentivou a criação e manutenção de organizações não governamentais e iniciou o programa de teste de vacina para prevenção do aids. Representou o Brasil em três reuniões da Assembleia Mundial de Saúde, em Genebra.

Em agosto de 1996, ela participava de um congresso em Recife quando sofreu um acidente de carro. Teve traumatismo craniano e entrou em coma, ficando com algumas sequelas, como dificuldades de fala e falhas na memória recente.

No ano de 2010 durante evento em que foi homenageada pelo Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (GAPA) de São Paulo com o 3º Prêmio Paulo Cesar Bonfim, Lair foi ovacionada de pé pela plateia presente na cerimônia no Edifício Itália em São Paulo.

Ela ainda mobilizou o país para as fiscalizações dos bancos de sangues e se aliou às organizações não-governamentais para adotar políticas públicas de enfretamento à doença e pelo direito dos portadores. Uniu ciência às questões sociais. 

Acidente

Em agosto de 1996, Lair Guerra sofreu um grave acidente de trânsito. Ela estava a caminho de um congresso brasileiro de infectologia, onde iria dar uma palestra, quando o táxi que levava a piauiense colidiu com um ônibus. No acidente, Lair Guerra teve traumatismo e passou dois meses entre a vida e a morte. Recuperou-se lentamente, mas não pôde reassumir as suas funções devido às sequelas.

Mãe de cinco filhos, Lair Guerra é irmã de Carlyle Guerra de Macedo, ex-diretor e Diretor Emérito da Organização Pan-Americana de Saúde e de Alvimar, clínico de Brasília. Ela também é irmã da médica e ex-prefeita de Curimatá, Estelita Guerra, que morreu em acidente de trânsito em 2012. Lair tem 11 irmãos, cinco deles vivos. 

Desde o acidente, Lair Guerra vive em cadeira de rodas devido as sequelas do acidente. Desde janeiro desse ano, ela está internada na UTI de um hospital de Brasília, após diagnóstico de pneumonia. 

Hoje, aos 80 anos, ela é uma guerreira da paz, uma mente brilhante e que inspira muitos piauienses. 

Fonte: Yala Sena/ Cidade Verde e Agência Aids

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