Na ressaca da derrota da emenda que prorrogaria até 2011 a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o "imposto do cheque", o governo evitou promover uma "caça às bruxas" na base aliada, mas não perdoou a oposição. "Existem dois grupos de brasileiros: aqueles que trabalham pelo "quanto melhor, melhor"; e aqueles que preferem o "quanto pior, melhor"", disse, nesta quinta-feira (13), o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. Para ele, os sonegadores foram vitoriosos com o fim do imposto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, há duas semanas, em discurso durante uma cerimônia no Espírito Santo, que os sonegadores tinham posição contrária à prorrogação da CPMF. "Os sonegadores, aqueles que sonegam impostos, talvez tenham sido os vitoriosos. Os brasileiros responsáveis, que acreditam no país, que acreditam que estamos promovendo um país mais justo e diminuindo as diferenças sociais, que são beneficiados pelos programas sociais, todos esses foram derrotados", afirmou o ministro.Batalha políticaJosé Múcio disse que o governo foi surpreendido por uma batalha política e que a derrota traz lições. Uma delas é reavaliar a relação com o Senado. "Perdemos para nós mesmos. Se temos uma base maior que a oposição, faltou o voto dos aliados. Precisamos fazer uma reavaliação com o nosso grupo. Precisamos saber quem são os parceiros". Múcio descartou punições ou perda de cargos dos alidos que votaram contra a CPMF. De acordo com o ministro, o governo escalou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o deputado e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci como interlocutores junto à oposição, para facilitar o diálogo, mas o esforço foi em vão. "O governo estendeu as mãos, mas, do jeito que as coisas foram colocadas, não havia possibilidade de acordo", lamentou. O ministro reafirmou que o governo não pretende enviar ao Congresso uma nova emenda da CPMF. Segundo ele, a equipe econômica vai decidir quais medidas serão tomadas para compensar o rombo de R$ 40 bilhões no orçamento. José Múcio, que logo pela manhã recebeu ligações de governadores preocupados com os efeitos do fim da CPMF, classificou o atual momento como de "aflição". "É um momento de aflição. O mercado começa a responder. Os governadores ligaram preocupados nesta manhã. É um dia nervoso", avaliou. Segundo José Múcio, o presidente Lula recebeu com "serenidade" o resultado.
Fonte: G1
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