
O Brasil se tornou o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO - ONU). Em 2021, o país utilizou 719,5 mil toneladas de pesticidas em suas plantações, superando as 457 mil toneladas aplicadas pelos Estados Unidos e as 244 mil toneladas pela China.
A disparidade impressiona, considerando que a China possui uma população sete vezes maior que a do Brasil, com 1,4 bilhões de habitantes em 2023.
Esse volume expressivo de uso de pesticidas é impulsionado pelo agronegócio brasileiro, que representa uma fatia significativa da economia do país. Em 2024, o Congresso Nacional derrubou 8 dos 17 vetos do presidente Lula à Lei nº 14.785, conhecida como "Pacote do Veneno", aprovando o uso de produtos com substâncias em reanálise e reduzindo o papel regulatório do Ibama e do Ministério da Agricultura.
Enquanto isso, a União Europeia proíbe o uso de 269 tipos de agrotóxicos. Em um exemplo alarmante, em 2023, o Greenpeace identificou resíduos de agrotóxicos proibidos em limões verdes importados do Brasil e vendidos em supermercados europeus.
A América do Sul é o continente que mais utiliza agrotóxicos no mundo, conforme o Atlas dos Agrotóxicos, da Fundação alemã Heinrich Böll. A dependência de uma economia primário-exportadora agrava o cenário, e o avanço da crise climática torna o futuro do agronegócio ainda mais desafiador.