
Entre conversas com amigos, copos de cerveja e rodadas de bingo, o Bar do Rufino, localizado próximo à Universidade Federal do Piauí (UFPI), tornou-se mais do que um simples ponto de encontro universitário: virou cenário de muitas histórias de amor. O espaço, que funciona como mercearia durante o dia e bar à noite, é administrado por Rufino Henrique da Silva e faz parte da rotina de gerações de estudantes que passam pela universidade.
Com o passar dos anos, o local se transformou em palco de festas, reencontros e encontros inesperados. Entre os frequentadores, não faltam histórias de casais que começaram seus relacionamentos ali, de forma despretensiosa. Hoje, o Bar do Rufino é considerado um dos principais símbolos da vida universitária na UFPI, e que também guarda lembranças de casais que se conheceram ali e continuam juntos.
O Piauí hoje conversou com dois casais que viveram esse tipo de experiência e contaram como o amor surgiu entre encontros casuais e festas no famoso Bar do Rufino.
“Oi, eu tô apaixonado”: o jeito inusitado de Cristian falar com Ísis
Cristian William Ferreira, 24 anos, estudante de Matemática, e Ísis Soares, também de 24, formada em Design de Moda, se viram pela primeira vez no Rufino. Mas o momento certo só chegou algumas semanas depois.
"A gente se conheceu de fato há quatro semanas. Só que a primeira vez que a gente se viu foi aqui também. Eu estava com a galera, tomando umas. Aí eu vi ela de longe, assim. Esperei o álcool fazer efeito e fui falar com ela. Foi muito engraçado, porque eu não tinha muita ideia do que dizer. Aí cheguei e falei: ‘Oi, eu estou apaixonado’", relembra Cristian.
O comentário pegou Ísis de surpresa. “Eu pensei: ‘oxe, esse menino é doido’. A gente mal se falou naquele dia. Mas depois nos reencontramos por acaso, também aqui no bar. Foi um rolê bem aleatório, mas tudo fluiu naturalmente”, contou ela.
O Bar do Rufino, para eles, é cenário recorrente. “Como moro perto, sempre passo por aqui. A gente vem beber com os amigos ou só dar uma olhada no movimento”, diz Ísis.
O primeiro beijo do casal
O primeiro beijo deles também aconteceu ali, perto do balcão, sob os olhos do próprio Rufino. “Inclusive, o seu Rufino testemunhou nosso primeiro beijo. Foi literalmente na frente dele. Ele só disse: ‘Vai ser aqui mesmo?’”, relembrou Cristian, sorrindo.
Do bingo ao romance: Maria Júlia e Lucas Feitosa, unidos pelo acaso
Maria Júlia Passos, 19 anos, estudante de Economia, e Lucas Feitosa, 23 anos, estudante de Ciências da Computação de Parnaíba, tiveram como cenário o Bar do Rufino no dia em que a Universidade Federal do Piauí (UFPI) entrou em greve, 29 de maio de 2024. O que começou como uma saída entre amigos terminou com o início de um relacionamento.
“Eu fui ao Rufino depois da aula. Estava na fila para comprar uma cerveja e ele estava ao meu lado, mas eu nem percebi. Ele me viu, contou aos amigos que tinha me achado muito bonita. Um amigo dele conhecia uma amiga minha, tentou fazer a ponte, mas se atrapalhou e acabou esquecendo de perguntar se ele tinha alguma chance”, relata Maria Júlia.
Lucas, muito tímido, só tomou coragem para se aproximar depois de confirmar com a amiga de Maria Júlia que ela estava solteira. Foi então que a conversa entre os dois começou. “Ele veio falar comigo e a gente ficou conversando por horas. No fim da noite, ele me seguiu no Instagram e marcamos de sair. Depois disso, não parou mais”, conta a estudante.
Maria Júlia também explica como Lucas acabou em Teresina naquele dia. “Foi uma coincidência completa a gente se encontrar no Rufino. Ele mora em Parnaíba e, na época, não vinha com frequência para cá. Veio participar de uma convenção de tecnologia, área que ele estuda. Mas chegou atrasado para a parte da noite do evento, quando todas as cadeiras já estavam ocupadas, e não conseguiu entrar. Os amigos dele o chamaram para ir ao Rufino, e ele acabou aceitando. Ele tinha pensado em ir para casa, mas mudou de ideia de última hora e resolveu ir”.
“Não tinha nenhuma música tocando, nada no ambiente naquele momento. Na verdade, estava rolando um bingo, então o som de fundo era o pessoal gritando ‘BINGO!’”, lembra Maria Júlia.
Mais do que um simples bar, o Rufino se tornou um verdadeiro celeiro de encontros e histórias que ultrapassam gerações. Entre risadas, copos compartilhados e até mesmo uma partida de bingo, o espaço confirma sua importância como um elo entre a vida acadêmica e os laços afetivos que surgem de forma espontânea. Para muitos estudantes, o Bar do Rufino não é apenas um local de diversão, mas um lugar onde o inesperado se transforma em romance, fortalecendo a identidade e a memória da comunidade universitária da UFPI.
(*) Lília Ferreira é estagiária sob supervisão da jornalista Nayrana Meireles -DRT 0002326/PI