A Universidade Federal do Piauí (UFPI) inaugurou nesta quinta-feira (28), no Centro de Ciências da Saúde (CCS) em Teresina, a Sala Lilás “Janaína da Silva Bezerra”, destinada a oferecer atendimento psicossocial e acolhimento a mulheres vítimas de violência na comunidade acadêmica. A iniciativa, realizada em parceria com a Secretaria de Estado da Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), homenageia a estudante de Jornalismo Janaína Bezerra, assassinada dentro da universidade em 2023.
Sala Lilás “Janaína da Silva Bezerra”
Durante a inauguração, Maria do Socorro, mãe de Janaína, emocionou-se ao lembrar da filha: "É uma coisa muito boa mesmo, para ajudar mais gente, é o que precisa. A Janaína era uma estudante cheia de sonhos, cheia de desejos, ansiava em ajudar a família. A continuação de tudo, para todas que estão aqui dentro. O coração é muita saudade, né? Saudade, muita saudade." Ela acrescentou: "Agradeço a Deus e com fé em Deus vai dar tudo certo. Só resta saudade, né, e pedi justiça por ela. Que não aconteça mais, que aconteceu com ninguém, né? Só isso."
A reitora da UFPI, Nadir Nogueira, destacou o caráter histórico do espaço: "Esse é um momento histórico para a Universidade. A UF instala hoje a Sala Lilás, dentro do Agosto Lilás, de proteção à mulher, contra qualquer tipo de agressão, de violência. Esse espaço é um espaço de acolhimento, de escuta qualificada."
Funcionamento da sala
A Sala Lilás funciona de segunda a sexta-feira, em horário comercial, ao lado da Ouvidoria do CCS, com equipes de psicólogas e assistentes sociais prontas para oferecer escuta qualificada, orientação e encaminhamento para vítimas de violência. O projeto integra as ações do Agosto Lilás, reforçando o compromisso da UFPI com a proteção das mulheres e a criação de espaços de acolhimento e conscientização.
Nadir explicou os serviços e o funcionamento: "Teremos aqui profissionais qualificados que irão receber todas as mulheres da comunidade universitária, estudantes, técnicos administrativos, docentes, que sofram qualquer tipo de violência, serão aqui atendidos e acolhidos. Não só isso, mas também terão encaminhamentos, orientações de encaminhamento com relação às violências que eventualmente tenham sofrido. A denúncia é a primeira coisa que deve acontecer, mas ela já pode se dirigir para cá e aqui ela terá todo o encaminhamento, boletim de ocorrência, de que forma faz, acompanhar essa mulher, inclusive a delegacia."
Giovanna Souza Soares, integrante do Movimento de Mulheres Olga Benário, reforçou o aspecto coletivo e histórico da sala: "Os casos de assédio ficavam impunes, os casos de violência de gênero ficavam assim sem uma medida eficaz da universidade, e isso acabou por tornar esse um ambiente onde esse tipo de violência se agravava cada vez mais. Foi essa falta de estrutura que fez com que o feminicídio da Janaína acontecesse. O Brasil hoje é um dos países que mais mata mulheres no mundo, especialmente mulheres trans e mulheres negras. Para combater isso, não basta só medidas individuais, nós precisamos nos organizar coletivamente, e é para isso que o Movimento Mulheres Olga Benário está aqui."
Relembre o caso Janaína Bezerra
Janaína Bezerra, estudante de Jornalismo, foi vítima de violência e assassinato na UFPI em 2023 - Reprodução
A estudante de Jornalismo Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos, foi brutalmente assassinada e vítima de violência sexual em uma sala da UFPI durante uma calourada, ocorrida entre os dias 27 e 28 de janeiro de 2023, pelo estudante de mestrado Thiago Mayson Barbosa. Em maio de 2025, o Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI) anulou a condenação de Thiago Barbosa, que havia sido sentenciado a 18 anos e seis meses de prisão pelo crime.
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