Na trajetória acadêmica e pessoal da professora Ana Beatriz Sousa Gomes, o Ifaradá ocupa um lugar central. Co-fundado por ela em 1995, o núcleo de pesquisa da Universidade Federal do Piauí (UFPI) carrega o nome que, em iorubá, significa "resistência pelo conhecimento". O lema reflete o propósito do grupo em promover o enfrentamento de desafios por meio da educação, valorizando a cultura afro-brasileira e o fortalecimento da identidade negra.
Ela conta que, desde os tempos de estudante de pedagogia na UFPI, esteve diretamente envolvida com as atividades do grupo. Ao longo de quase três décadas, o núcleo se consolidou como referência em estudos sobre africanidades e afrodescendência, promovendo pesquisas, eventos e projetos de extensão que conectam academia e sociedade.
Ana Beatriz destaca o apoio recebido de colegas e mentores ao longo dessa jornada. "Foi no Ifaradá que defendemos a primeira dissertação da UFPI na área de educação e afrodescendência, em 2000. Também realizamos congressos, publicamos livros e levamos os resultados das nossas pesquisas para as escolas, tirando o conhecimento das gavetas e das bibliotecas", lembra.
A dedicação à educação e à luta por igualdade racial é uma constante na trajetória da professora. Com uma formação acadêmica sólida, incluindo doutorado em educação pela Universidade Federal do Ceará, a professora também foi diretora de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN) e atua como conselheira do Conselho Municipal de Educação de Teresina.
Apesar de ter crescido em um ambiente familiar privilegiado, Ana Beatriz enfrentou os desafios de uma sociedade racista, que, segundo ela, ainda julga pelo fenótipo. "A cor da pele ainda é uma barreira, independentemente da posição que você ocupa. Isso só reforça a importância de iniciativas como o Ifaradá, que ampliam o acesso ao conhecimento e fortalecem a luta pela igualdade", afirma.
Em 2024, o Ifaradá se aproxima de seus 30 anos com um legado que vai além da pesquisa acadêmica. Para Ana Beatriz, o núcleo simboliza a resistência de uma geração que acredita no poder do conhecimento como instrumento de transformação social e empoderamento. "É uma honra fazer parte dessa história e continuar lutando por uma educação mais inclusiva e justa para todos", conclui.
A professora concedeu entrevista ao podcast Mulher Mais do Portal Piauí Hoje.Com, assista na íntegra aqui.