Economia

RECUPERAÇÃO

Por que a recuperação econômica do Brasil será mais lenta que no restante do mundo?

“O FMI sinalizou que a recuperação será lenta, por conta dos efeitos duradouros da recessão, da possibilidade de uma 2ª onda de coronavírus”

Redação

Sexta - 26/06/2020 às 10:44



Foto: Divulgação Economia Pós COVID-19
Economia Pós COVID-19

Por conta dos efeitos do novo coronavírus (covid-19) na economia, a nova projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai ser duramente afetado pelos impactos causados pela epidemia. Segundo a atualização de seu relatório Perspectiva Econômica Global, a projeção de contração do PIB brasileiro neste ano é de 9,1%, se a previsão do Fundo for confirmada, será o pior resultado da série histórica em 120 anos. Em abril, o FMI estimava uma recessão de 5,3%. No entanto, a projeção de crescimento do FMI para 2021 aumentou a 3,6%, de 2,9% no relatório anterior. Por outro lado, o Banco Central (BC) projetou uma queda de 6,4% na economia em 2020. 

O Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, explica que devido a consequências causadas pelo covid-19 medidas agressivas foram tomadas e que países terão recuperações lentas. “Como está no título do documento do FMI: "Uma crise como nenhuma outra. Uma recuperação incerta". As quedas das economias foram e continuam enormes e a recuperação será problemática. As economias foram obrigadas a parar e tentaram compensar os efeitos dessas paralisações por meio de políticas fiscais e monetárias agressivas. Os países emergentes, nos quais o Brasil se inscreve, têm limites fiscais para compensar essas paralisações, por meio da elevação dos gastos, transferências e redução dos juros. O FMI sinalizou que a recuperação será lenta, por conta dos efeitos duradouros da recessão, da possibilidade de uma 2ª onda e por conta da mudança dos hábitos das empresas e das famílias”, explica o Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos. Sobre o cenário interno Pedro Paulo Silveira enfatiza uma crise mais acentuada. “No Brasil, a crise será particularmente mais intensa, por conta da intensidade da epidemia, dos limites do governo para adotar políticas compensatórias e pela crise política. Minha projeção está mais próxima da do FMI do que a do BC”, dispara.

Jefferson Laatus, Estrategista-Chefe do Grupo Laatus, comenta que o mercado já esperava o pessimismo do FMI e que o preocupante mesmo é a 2ª onda do coronavírus. “A questão do FMI é que ele tem as projeções dele e fica analisando-as para saber quem vai precisar dar ajuda e proteger. O FMI faz uma coisa que todo mundo deveria fazer, ele é sempre pessimista. Sempre projeta o pior cenário, então você espera o melhor, mas se prepara para o pior. O mercado olha tudo e fica preocupado, mas sabe dessa característica do FMI, então por isso que o mercado não precificou tanto. O que realmente está pesando nos mercados não são as projeções do FMI, e sim questões de preocupação de uma onda 2 que aí sim pode ser algo muito mais agravante e muito mais preocupante para todo mundo”, explica Jefferson Laatus.

Daniela Casabona, Sócia-Diretora da FB Wealth, diz que as consequências causadas pelo covid-19 e a possível nova onda tornam a queda do PIB irremediável. “A economia está parada por mais de 3 meses, causando desemprego, aumentando ainda mais a dívida do país e os gastos públicos, o que colabora para o enfraquecimento da economia do país. A queda do PIB nessa situação fica inevitável, considerando ainda que a chance de uma 2ª onda de coronavírus está por vir e pode novamente fechar a economia não teria como se esperar um PIB que não fosse avassalador. Para a economia vamos sentir os impactos ao longo de muitos anos ainda, apesar de ser uma crise diferenciada, ela trouxe uma forte recessão para o país”, finaliza.

Fonte: Gueratto Press

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