
A economia brasileira iniciou o segundo trimestre de 2025 com crescimento acima do esperado, mesmo em um cenário de desaceleração da atividade. Dados divulgados nesta terça-feira (17) pelo Banco Central mostram que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) subiu 0,2% em abril, na comparação com março, já descontados os efeitos sazonais. O resultado veio acima da mediana das projeções do mercado, que apontavam alta de 0,1%, conforme pesquisa da Reuters.
O desempenho, no entanto, representou uma perda de fôlego em relação ao mês anterior, quando o índice havia registrado avanço de 0,7%, número revisado para baixo ante os 0,8% divulgados anteriormente. Ainda assim, o crescimento de abril foi impulsionado, principalmente, pelo setor de serviços, que avançou 0,4% no período.
Na comparação com abril de 2024, o IBC-Br teve expansão de 2,5%. Já no acumulado dos 12 meses até abril, o índice mostrou alta de 4,0%, segundo os dados sem ajuste sazonal.
Dados
A abertura dos dados do Banco Central aponta que o setor agropecuário teve retração de 0,9% em abril, enquanto a indústria recuou 1,1%. Por outro lado, o setor de serviços, responsável por cerca de 70% da economia nacional, segue em trajetória de crescimento, refletindo a resiliência do mercado de trabalho e o consumo das famílias.
Levantamentos recentes do IBGE reforçam essa tendência. Segundo o instituto, o setor de serviços cresceu 0,2% em abril, marcando o terceiro mês seguido de expansão. As vendas no varejo, no entanto, interromperam três altas consecutivas e recuaram 0,4%, enquanto a produção industrial teve leve crescimento de 0,1%, abaixo das expectativas.
“Os números divulgados ficaram em linha com as leituras das últimas semanas dos principais indicadores setoriais divulgados pelo IBGE, que apontam para um gradual processo de arrefecimento da economia frente a um cenário macroeconômico adverso (política monetária contracionista, inflação elevada e aumento das incertezas domésticas e externas), que reforça a percepção de resiliência da atividade econômica”, avaliou em nota a equipe da Genial Investimentos.
PIB
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,4% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores, puxado pelo desempenho da agropecuária, o melhor dos últimos dois anos. Mas com o fim do impulso gerado pelo setor, analistas acreditam que o ritmo de crescimento da economia deve diminuir.
A política monetária restritiva, com a taxa Selic mantida em 14,75% desde o fim do ciclo de alta, é apontada como um dos principais freios à expansão. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta semana e a maioria dos economistas consultados pela Reuters, 27 dos 39 ouvidos, espera manutenção da taxa básica de juros.
Ainda assim, o mercado de trabalho aquecido tem contribuído para sustentar o nível de atividade. Projeções do Boletim Focus, também divulgado pelo BC, indicam crescimento do PIB de 2,20% em 2025, desacelerando para 1,83% em 2026.
O IBC-Br é considerado uma prévia mensal do PIB e é construído com base em estimativas de volume da agropecuária, indústria e serviços, além dos impostos sobre a produção. Embora não substitua os dados oficiais do IBGE, o índice é amplamente utilizado para acompanhar a tendência da economia em tempo real.