Arte e Cultura

ENTREVISTA

Lázaro do Piauí trocou o futebol pela música e chega a 50 anos de carreira

Em entrevista ao Piauí Hoje, Lázaro do Piauí relembrou sua trajetória e contou histórias marcantes de sua carreira

Da Redação

Sábado - 05/07/2025 às 07:30



Foto: Laisa Mendes/Piauí Hoje Lázaro do Piauí entrevistado por Malu Barreto, no podCast Piauí Hoje
Lázaro do Piauí entrevistado por Malu Barreto, no podCast Piauí Hoje

Se dependesse do jovem centroavante que defendia o Colégio Elefante Branco, em Brasília, o nome Lázaro José da Silva provavelmente estaria nos almanaques do futebol. Mas o destino tratou de puxar o atacante para bem longe dos gramados e o devolveu à sua verdadeira vocação: a música. Meio século depois, Lázaro do Piauí celebra 50 anos de trajetória artística, marcada pela ligação afetiva com o estado natal, parcerias com ícones da MPB e passagens que misturam suor, improviso e um talento nato para compor.

O ponto de virada veio em 1969. Convidado a fazer testes no Vasco, o adolescente deixou Teresina rumo ao Rio de Janeiro. Não ficou no clube, tentou sorte no Olaria e lá conheceu ninguém menos que Garrincha, que encerrava a carreira. O craque se encantou com o violão do piauiense e o apresentou à sua mulher, Elza Soares. “Foi a primeira porta que a música abriu. E nunca mais fechou”, lembra Lázaro.

De volta a Teresina após a morte do pai, assumiu responsabilidades na família, formou-se em Administração e trabalhou 15 anos no Sebrae. Mas a arte cobrava espaço: em 1990 pediu demissão para viver exclusivamente de shows e composições. O primeiro LP, “Só por Amor” (1992), financiado “com uma bicicleta e uns cacarecos”, ficou três meses entre as 100 músicas mais tocadas no país e foi indicado ao extinto Prêmio Sharp.

Lázaro coleciona uma lista de grandes feitos. Nos festivais de forró, foi finalista nas duas primeiras edições em Salvador, dividindo palco com Dominguinhos, Elba Ramalho e Mastruz com Leite. Especialista em jingles políticos, criou mais de cem. O mais famoso, “Deixa o homem trabalhar” (2006), embalou a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva.

Além dos palcos, Lázaro mantém, há 18 anos, o programa “Matutando”, atualmente exibido pela TV Assembleia do Piauí, onde abre espaço para novos talentos regionais. Na literatura, publicou o livro de memórias “De Mané a Lula”, disponível na Amazon, e prepara o inédito “Jingles Vencedores – Chiclete de Ouvido”, no qual narra bastidores de suas criações publicitárias. A carreira também cruzou fronteiras: seu forró e xote já embalaram festivais de cultura brasileira em cidades como Bruxelas e Roma.

Por que “do Piauí
O sobrenome artístico nasceu de uma indignação. “Morava no alojamento do Olaria e descobri que um companheiro escondia ser piauiense. Decidi que, onde eu fosse, levaria o nome do meu estado”, conta. Entre shows, Lázaro prepara um álbum comemorativo com regravações e três faixas inéditas. “A arte escolhe a gente; meu plano é continuar dizendo isso em cada palco”, afirma. E ele garante que o Piauí nunca vai sair do repertório.

Histórias e canções da trajetória de Lázaro do Piauí
Quando Lázaro do Piauí aperta os acordes de “Olha Morena” ou “Agora Chora”, ele entrega sucessos regionais e também muitos causos. Vamos contar três passagens que ajudam a entender a dimensão desse artista que completa 50 anos de estrada.

Uma fita cassete para o Planalto
Em 2006, fez um jingle para o Lula”: “Lula é de Novo”, gravado num teclado simples, passado para fita cassete e aprovado pela então primeira-dama Marisa Letícia. A canção virou trilha do segundo turno e rendeu a Lázaro convite para visitar o presidente no Planalto. “Ele me recebeu sozinho no gabinete e disse que a música foi decisiva”, recorda.

O encontro com Silvio Santos
No programa de 22 de agosto de 1994, Silvio Santos abriu espaço para o piauiense graças à indicação do então ministro Hugo Napoleão. Lázaro cantou 14 minutos ao vivo e viu sua agenda se multiplicar pelo interior do Brasil. “Silvio me tratou como veterano, mesmo eu sendo novato. Foi vitrine nacional”, diz.

Xote em Bruxelas
Convidado por uma rede de academias de capoeira, Lázaro desembarcou na Bélgica para um festival. No metrô de Bruxelas, uma conterrânea o reconheceu: “Você cantava nos shows de Altos!”. Horas depois, brasileiros e europeus lotavam o auditório para conhecer o “Matuto Urbano”, projeto que mistura forró com poesia falada.

ASSISTA À ENTREVISTA COMPLETA


Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: