Nesta quinta-feira (12), o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, se encontra com o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), em seu gabinete. O encontro está marcado para às 13h, sendo descrito como uma "visita de cortesia" pela agenda oficial de Zanin, segundo o UOL. A reunião ocorre antes de Valdemar prestar depoimento à Polícia Federal (PF) sobre a investigação relacionada a uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Esse encontro com Zanin ocorre pouco tempo após Valdemar e o ex-presidente Jair Bolsonaro se encontrarem na missa de sétimo dia da mãe de Valdemar, realizada em Mogi das Cruzes (SP), evento que contou com a autorização de Alexandre de Moraes, ministro do STF.

Às 14h30, Valdemar da Costa Neto será ouvido pela PF, a fim de esclarecer sua relação com o juiz federal Sandro Nunes Vieira. O juiz é acusado de auxiliar o PL na elaboração de um relatório que questionava a segurança das urnas eletrônicas nas eleições de 2022. Na época, Vieira estava no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que configura um possível conflito de interesses e atuação ilegal.

Em declarações anteriores, Valdemar admitiu que o relatório do PL não apresentou evidências de fraudes nas urnas. A tentativa de descreditar o sistema eleitoral resultou em uma multa de R$ 22.991.544,60 imposta por Alexandre de Moraes devido à litigância de má-fé. Além disso, os fundos partidários do PL, PP e Republicanos foram bloqueados até que a multa fosse quitada.

O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, terá papel importante nas investigações, já que sua turma pode analisar eventuais acusações contra Valdemar da Costa Neto e Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e outros crimes relacionados. A Polícia Federal já indiciou 40 pessoas por esses crimes, incluindo os dois líderes do PL.

Cabe a Zanin definir a data para o julgamento dos processos e avaliar recursos apresentados pelos indiciados. Nem o STF nem o PL comentaram sobre o conteúdo da conversa entre Valdemar e Zanin, com a assessoria do PL se limitando a afirmar que se tratava de uma visita de cortesia.

Após o segundo turno das eleições de 2022, o PL entrou com uma representação no TSE pedindo a verificação extraordinária das urnas. Essa solicitação foi apoiada pelo Instituto Voto Legal, que criou um relatório com alegações de falhas nas urnas, sem comprovação. O TSE rejeitou a ação. Investigações da PF indicam que o juiz Sandro Vieira ajudou o PL na elaboração do relatório, o que configuraria uma atuação ilegal.

Na época da ação, Valdemar Costa Neto mencionou o nome de Vieira, mas o juiz negou envolvimento. No entanto, mensagens recuperadas pela PF indicam que Vieira pediu para Valdemar não citar seu nome. Para a PF, isso comprova a ajuda ilegal do juiz ao partido.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou Sandro Vieira do cargo, após Alexandre de Moraes enviar detalhes da investigação da PF ao CNJ e solicitar ações. Além de Valdemar, o ex-assessor de Bolsonaro Marcelo Câmara também será ouvido pela PF sobre sua relação com o juiz, com depoimento agendado para 14h. A reportagem tentou contato com o juiz, mas ele não respondeu.