Brasil

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Lideranças indígenas afirmam que mudanças climáticas afetam a vida no campo

Caciques de diferentes partes do Brasil lamentam a pressão exercida por não indígenas em suas terras

Da Redação

Quarta - 24/04/2024 às 09:43



Foto: Jose Cruz/Agência Brasil Divulgação
Divulgação

Líderes indígenas de todas as regiões do Brasil estão expressando preocupação com os longos períodos de seca e as temporadas de chuvas intensas que têm sido observados recentemente. Essas mudanças climáticas estão afetando não apenas a produção agrícola, mas também a qualidade de vida de comunidades inteiras, de acordo com caciques presentes no Acampamento Terra Livre (ATL) em Brasília nesta semana.

Cinco caciques de diferentes partes do Brasil, entrevistados pela Agência Brasil, lamentam a destruição e a poluição dos recursos naturais, bem como a pressão exercida por não indígenas sobre suas terras preservadas.

Região Sudeste

 O cacique Baiara Pataxó, de 64 anos, que vive em uma comunidade na cidade de Açucena, Minas Gerais, relata que, na última década, as plantações de mandioca, milho e feijão não têm produzido tanto quanto antes. “Antes, as chuvas começavam em setembro. Nos últimos anos, só em dezembro. Claro que isso não é normal”, diz Baiara Pataxó.

Região Norte

 O cacique Dario Kopenawa Yanomami, de 39 anos, que vive em Roraima, também observa as mudanças climáticas e a contaminação por mercúrio em sua comunidade de 32 mil pessoas. Ele nota que o regime de chuvas mudou e está “bem diferente” do que era durante sua infância e adolescência na região.

Região Nordeste

O cacique Tchydjo Ue, de 76 anos, do povo Fulni-ô, vive em uma aldeia na cidade de Pacatuba, em Sergipe, onde estão 86 famílias. Ele considera que o clima hoje é muito mais quente do que antes, o que dificulta o trabalho na roça e leva muitos jovens a desistirem.

Essas mudanças climáticas, combinadas com a transformação do comportamento dos jovens, estão levando as comunidades indígenas a buscar novas formas de subsistência, como o artesanato e o conhecimento da natureza.

Região Centro-Oeste

A cacique Tanoné Carirí Xocó, de 70 anos, que vive no Distrito Federal desde 1986, tem observado de perto a destruição do cerrado e as mudanças climáticas. Ela recorda com tristeza que Brasília costumava ter temporadas frias, o que “desapareceu”. Em sua comunidade no Setor Noroeste, onde vivem 16 famílias, ela tem trabalhado para restaurar o ambiente em meio à expansão imobiliária. Em uma área de 16 hectares, as plantações de milho, feijão, jatobá e algodão antes iluminavam a paisagem. Agora, devido à falta de chuvas ou a temporais intensos, o feijão e o algodão se tornaram raros. A cacique solicitou às autoridades governamentais o plantio de ipês para trazer novas cores ao local.

Região Sul

Na cidade de José Boiteux, em Santa Catarina, uma comunidade de 2,3 mil pessoas da etnia xokleng está preocupada com a aproximação da temporada de chuvas, que se tornaram mais intensas na última década. O cacique Setembrino, de 53 anos, da mesma etnia, afirma que o principal trabalho agora é ficar atento às inundações e ensinar a preservação ambiental aos indígenas em sala de aula. “É certo estar atento à Amazônia, mas precisamos lembrar também do Sul. Estamos trabalhando agora com o plantio do pinheiro. A gente tem que olhar para agora e depois.”

Com o aumento das chuvas, a barragem de contenção frequentemente atinge seu limite, deixando a comunidade sem um lugar seguro para morar, segundo Geomar Crendô, uma das lideranças da comunidade xokleng.

Fonte: Agência Brasil

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