O fotógrafo Evandro Teixeira faleceu nesta segunda-feira (4), no Rio de Janeiro, aos 88 anos, após uma vida dedicada ao fotojornalismo. Com mais de 70 anos de carreira, ele documentou acontecimentos históricos do século XX no Brasil e no mundo, com suas icônicas imagens em preto e branco que se tornaram documentos visuais do passado.
Internado na Clínica São Vicente, na Gávea, Evandro morreu em decorrência de falência múltipla de órgãos, causada por complicações de uma pneumonia. Ele será velado na Câmara dos Vereadores nesta terça-feira (05), das 9h às 12h.
Nascido em Irajuba, na Bahia, em 1935, Evandro iniciou sua carreira jornalística em 1958 no jornal O Diário de Notícias, em Salvador. Depois, transferiu-se para o Diário da Noite, do grupo dos Diários Associados de Assis Chateaubriand, no Rio. Em 1963, foi contratado pelo Jornal do Brasil, onde consolidou sua carreira por quase 47 anos até 2010. Ele também é autor de livros como Fotojornalismo (1983), Canudos 100 anos (1997) e 68 destinos: Passeata dos 100 mil (2008).
Entre seus registros mais marcantes estão momentos como a Copa do Mundo de 1962, a repressão ao movimento estudantil de 1968, o golpe militar no Brasil e no Chile, e o massacre de Jonestown em 1978. Uma de suas imagens mais conhecidas é a da tomada do Forte de Copacabana durante o golpe militar de 1964, que retrata a silhueta de soldados sob chuva intensa – um símbolo dos tempos autoritários que se seguiram.
Evandro também cobriu o golpe militar no Chile e foi um dos primeiros a registrar a morte de Pablo Neruda. Em 1973, mesmo sob forte vigilância, ele fotografou o Estádio Nacional onde estudantes eram encarcerados. Sua imagem foi revelada rapidamente e enviada ao Brasil. Ele também conseguiu registrar o corpo de Neruda no hospital, além do velório e do enterro do poeta no Cemitério Geral de Santiago.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou sua morte, destacando Evandro como uma "referência no fotojornalismo". Lula lembrou do vasto acervo do fotógrafo, com mais de 150 mil fotos que retratam a história do Brasil, incluindo pobreza, esportes, cultura e posses presidenciais.
As obras de Evandro estão em acervos de importantes instituições, como o Museu de Arte de São Paulo (Masp), o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e o Instituto Moreira Salles (IMS). Em uma recente exposição no IMS, seu trabalho sobre as ditaduras chilena e brasileira foi relembrado, evidenciando seu olhar aguçado para os eventos de seu tempo.
Fonte: Agência Brasil
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