Em um importante avanço na luta contra as mudanças climáticas, o Brasil registrou em 2023 a maior queda nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) dos últimos 15 anos. Segundo dados do Observatório do Clima, obtidos por meio do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), o país reduziu suas emissões em 12% em relação ao ano anterior, caindo de 2,6 bilhões para 2,3 bilhões de toneladas de CO2 equivalente (GtCO2e). A principal causa dessa redução foi a diminuição do desmatamento na Amazônia.
Entre agosto de 2023 e julho de 2024, o desmatamento na Amazônia caiu 30,6%, resultado atribuído principalmente ao fortalecimento das políticas de controle ambiental, como a reativação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), no governo do presidente Lula. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), essa queda evitou a perda de cerca de 2.800 km² de floresta, um passo crucial para preservar um bioma vital para a regulação climática global.
Entretanto, o progresso na proteção da Amazônia contrasta com os números de outros setores. A agropecuária, que responde por 28% das emissões brasileiras, teve um aumento de 2,2% nas suas emissões, alcançando o quarto recorde consecutivo. Esse aumento é atribuído à expansão do rebanho bovino e ao uso intensivo de fertilizantes nitrogenados. Gabriel Quintana, analista de ciência do clima do Imaflora, alerta que o setor enfrenta o desafio de alinhar a redução de emissões com a eficiência produtiva, sendo especialmente vulnerável aos impactos da crise climática.
O setor de energia também registrou um aumento de 1% nas emissões, impulsionado pela recuperação econômica e pelo aumento do consumo de combustíveis fósseis, como gasolina e diesel. Outros segmentos, como processos industriais e gestão de resíduos, também viram um leve aumento em suas emissões, mantendo-se em níveis elevados.
Apesar do expressivo avanço na preservação da Amazônia, o Brasil ainda depende excessivamente da manutenção da floresta para alcançar suas metas climáticas do Acordo de Paris. David Tsai, coordenador do Seeg, destaca que o país permanece "excessivamente dependente" das políticas de proteção da Amazônia, uma vez que as ações para outros setores ainda são limitadas ou ausentes.
Com a COP29 se aproximando, que ocorrerá de 11 a 22 de novembro em Baku, no Azerbaijão, o Brasil se prepara para reafirmar seus compromissos com a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC). As metas estabelecidas pelo país incluem uma redução de 37% nas emissões até 2025 em relação aos níveis de 2005, e de 43% até 2030.
Fonte: Brasil247