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NOVAS LEIS

Vencendo preconceito: comunidade surda se mobiliza e garante direitos e inclusão

Com mais direitos legais, a comunidade surda tem conseguido se inserir na academia e no mercado

Cintia Lucas

Sábado - 07/10/2023 às 10:06



Foto: Divulgação A Libras é cada vez mais difundida no Piauí
A Libras é cada vez mais difundida no Piauí

Desde 2023, uma lei em Teresina garante a inclusão de intérprete de Libras em todos os eventos públicos realizados na capital. O objetivo é ampliar a inclusão social das pessoas com deficiência, principalmente para a comunidade surda. A lei é um avanço social, mas as pessoas com deficiência auditiva ainda sofrem com preconceito no trabalho e acadêmico.

A vereadora Elzuila Calisto (PT) disse que o intérprete de libras tem a função de ser o canal comunicativo entre a pessoa com deficiência e as informações nos eventos, de forma que as PCDs possam entender o que está sendo falado.

“Estamos trabalhando para diminuir cada vez mais as barreiras que as pessoas com deficiência enfrentam. Meu trabalho como parlamentar é aumentar a conscientização e reduzir o capacitismo para que as pessoas sejam mais incluídas na sociedade”, afirma Elzuila.

Vereadora Elzuíla Calisto

Para a professora-doutora Telma Franco, autora do livro “Bullying contra surdos: a manifestação silenciosa da resiliência”, é a partir do movimento de inclusão social que os surdos têm conseguido realizar algumas progressões na vida pessoal, acadêmica, profissional e social. Em especial, na comunicação. Essa conquista de direitos inicia desde casa, pois muitos não conseguem se comunicar na sua própria casa.

“A família não apende, não busca, apesar de uma oferta mais democrática e popularizada hoje, que é resultado dessa mobilização de professores, intérpretes, familiares e dos próprios surdos, por meio de suas mobilizações com associações, onde são conquistados e efetivados direitos”, disse a pesquisadora.

LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO

Uma das principais conquistas é a Lei Brasileira de Inclusão com direitos específicos dos surdos e, em especial, a Lei da Libras, que garante esta gramática, considerada a primeira língua oficial de sinais do Brasil, porém, falta garantir os espaços de socialização dessa lingua. “A lei garante que os surdos terão essa comunicação facilitada, e os surdos têm conseguido avançar, academicamente falando, em empregos melhores, mesmo tendo ensino médio e até curso superior”, afirma Telma Franco.

Foi a mobilização social de todos os que se associam a essa causa que foram conquistados espaços nos campos profissional, social e educacional. Os surdos entravam nas escolas e não conseguiam acompanhar. Hoje existem metodologias mais voltadas para a inclusão, por meio de imagens, por exemplo. Uma das principais lutas hoje são as escolas bilíngues. Há uma escola em Parnaíba, em Teresina é uma luta constante, mas que está próxima de acontecer.

Em sua dissertação de mestrado, em 2014, Telma Franco pesquisou sobre o bullying em uma escola de referência em inclusão de surdos em Teresina e que acaba sendo do Piauí, pois há surdos do interior do Piauí e do Maranhão. Ela conta que algumas escolas, na época, já conseguiam incluir alguns surdos, mas hoje há escolas com intérpretes. Apesar disso, ainda há muito preconceito e discriminação da pessoa surda.

“Alguém com deficiência auditiva, que tem algum resíduo de audição, as pessoas, tanto a família quanto amigos e professores têm a perspectiva de que essa pessoa escute, converse de forma oral e não é uma perspectiva que ele tenha, pois, a comunicação, por meio da oralização não é algo produtivo para o surdo, já que ele não entende bem e a comunicação fica prejudicada e sofre retaliações com problemas de compreensão”, afirma a pesquisadora.

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Cintia Lucas

Cintia Lucas

Cintia Lucas é jornalista formada pela Universidade Federal do Piauí e mestra em Comunicação pela mesma instituição. A coluna vai abordar os bastidores da notícia, com foco em temas de interesse público. Contato: cintialuc1@hotmail.com

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