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CULTURA

Exposição “A Ecologia de Monet” reflete relação complexa do pintor com a paisagem natural

Em cartaz no MASP, de 16 de maio a 24 de agosto de 2025, a exposição reúne 32 pinturas do impressionista francês

Cintia Lucas

Quinta - 17/07/2025 às 16:09



Foto: Evelyn Barboza Vitor Exposição de Monet no MASP mostra sua relação com a natureza
Exposição de Monet no MASP mostra sua relação com a natureza

SÃO PAULO (SP) - Está em cartaz no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) a exposição A Ecologia de Monet. Uma oportunidade imperdível de ver, no Brasil, uma leitura contemporânea sobre a relação de Claude Monet (1840–1926) com a natureza, as transformações ambientais, a modernização da paisagem e as tensões entre ser humano e natureza.

As obras têm conseguido levar um grande público para o MASP. Famílias inteiras se reúnem para apreciar de perto obras que perpassam grande parte da carreira do artista -das décadas de 1870 até 1920, em diferentes momentos de sua relação com a paisagem e com o meio ambiente.

A professora universitária Evelyn Barboza Vitor aproveitou a data em que comemorava mais um ano de vida, 8 de julho, para visitar a exposição. Para ela, Claude Monet no MASP é um convite para mergulhar na sutileza da luz, no movimento quase silencioso das águas e das flores, nos tons que dançam entre o amanhecer e o entardecer.

“Monet, um dos maiores expoentes do Impressionismo, revolucionou a história da arte ao pintar o instante como ele é sentido, não apenas visto. Suas obras, como as famosas ‘Ninféias’, não retratam a realidade de forma literal, mas capturam a impressão que ela deixa na alma - a beleza que escapa à pressa dos dias”, disse a professora.

Ela ressalta ainda que sua importância está em ter nos ensinado que a vida acontece nos detalhes que se dissolvem diante dos olhos desatentos, mas que, quando vistos com o coração, se tornam eternos. “Ver Monet é ver o mundo como poesia em cor, como se o tempo parasse para te lembrar de que existe beleza suave e infinita em tudo o que vive e respira”, disse.

Em cartaz de 16 de maio a 24 de agosto de 2025, a exposição reúne 32 pinturas do impressionista francês, sendo a maioria inédita no hemisfério Sul.

A exposição de curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Fernando Oliva, curador, MASP, e com assistência de Isabela Ferreira Loures, assistente curatorial, MASP.

OS NÚCLEOS 

O núcleo “O Sena como Ecossistema” aborda a água como um motivo constante na produção do artista, que cresceu na cidade do Havre, no Norte da França, onde o rio Sena deságua no Oceano Atlântico.

Monet retratou a esposa e filho às margens do Rio Sena Fotos: Evelyn Barboza Vitor 

O curso d’água também tem destaque no núcleo “Os barcos de Monet”, no qual o impressionista apresenta o afluente do rio Sena em uma imersão. As barcas são mostradas de pontos de vista elevados, eliminando, assim, a noção de uma linha do horizonte. A correnteza do rio é destacada por pinceladas onduladas em tons de vermelho e amarelo que se somam ao verde intenso.

Em uma de suas pinturas sobre barcos, ele retrata o passeio de suas enteadasO núcleo “Neblina e Fumaça” discute como Monet representou as transformações urbanas e industriais de seu tempo. A energia a vapor, as fábricas em expansão, a produção de carvão e as rápidas mudanças nos meios de produção modificaram o horizonte das cidades do século XIX, fazendo com que as torres das igrejas passassem a competir com as chaminés na paisagem urbana.

As chaminés da vida urbana ao fundo“O Pintor como Caçador” parte das longas caminhadas de Monet à procura de boas vistas as quais pintar ou, como ele próprio dizia, boas “impressões”. Se no início de sua produção o artista se limitava a áreas de fácil acesso, especialmente após os anos 1880 passou a se aventurar por trilhas em busca de pontos de vista originais.

Monet passa a retratar paisagens originais

 
“Giverny: Natureza Controlada” apresenta obras como “A ponte japonesa” (1918–1926) e “A ponte japonesa sobre a lagoa das ninfeias em Giverny” (1920–1924), concebidas pelo pintor no refúgio que criou nos jardins de sua propriedade na cidade de Giverny, onde viveu por mais de quatro décadas. Esse núcleo faz uma reflexão sobre a paixão de Monet por seus jardins, que também pode ser analisada como um desejo de controlar e moldar a natureza.

As ninfeias por MonetA Ecologia de Monet integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da ecologia.

A colunista em visita à exposição de Monet no MASP

SOBRE O ARTISTA


Claude Monet (1840–1926) foi um dos fundadores e principais expoentes do movimento impressionista, revolucionando a história da arte com sua abordagem inovadora da luz e da cor. Nascido em Paris e criado na Normandia, Monet desenvolveu desde cedo uma sensibilidade única para a natureza e suas transformações.

O artista capta os efeitos da luz sobre a paisagem

Seu quadro Impressão, Nascer do Sol (1872) deu nome ao movimento impressionista. Ao longo de sua carreira, dedicou-se a capturar os efeitos transitórios da luz sobre a paisagem, muitas vezes pintando o mesmo motivo em diferentes horários e condições atmosféricas.

Monet também pintou fragmentos da vida urbana

ONDE ENCONTRAR

A exposição pode ser vista no MASP, localizado na Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo.

Horários:
TERÇA GRÁTIS NUBANK, das 10h às 22h (entrada até as 21h) – Patrocínio Nubank;
QUARTA E QUINTA, das 10h às 18h (entrada até às 17h);
SEXTA B3, das 10h às 22h (entrada até as 21h, com gratuidade a partir das18h - 22h) – Patrocínio B3
SÁBADO, das 10h às 22h (entrada até às 21h);
DOMINGO, das 10h às 18h (entrada até as 17h);

SEGUNDA, fechado.

Cintia Lucas

Cintia Lucas

Cintia Lucas é jornalista formada pela Universidade Federal do Piauí e mestra em Comunicação pela mesma instituição. A coluna vai abordar os bastidores da notícia, com foco em temas de interesse público. Contato: cintialuc1@hotmail.com
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