
No próximo dia 2 de março, viveremos todas as emoções de uma Copa do Mundo. O Brasil inteiro vai parar a fim de ver o Oscar 2025, direto de Los Angeles, cerimônia de premiação das melhores películas do último ano. Entre elas, Ainda estou aqui, de Walter Salles, orgulho do cinema nacional. Pela televisão, a torcida canarinho terá a oportunidade de soltar o grito, antes do coração dar um treco, em três importantes categorias: Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Atriz e Melhor Filme.
Engraçado que a votação já ocorreu, tendo se encerrado no dia 18 do presente mês, e os vencedores estão definidos. Tomara que saia, pelo menos, um golaço daqueles do Pelé pra gente ocupar ruas, bares e praças do país. Enquanto isso, é preparar o churrasco, a cerveja estupidamente gelada e convidar os familiares e amigos.
Vamos aproveitar esse período para ver também, por meio das várias plataformas, outros filmes com a Fernanda Torres, atriz carioca que desponta no cenário internacional. E que faz nosso coração bater mais acelerado, dando pulos e cambalhotas de tanta alegria e admiração pelo seu talento artístico. Entre outros, merecem destaque: A marvada carne (1985), que levou 11 prêmios no Festival de Gramado, incluindo o de melhor filme; Eu sei que vou te amar (1986), que a premiou pela melhor interpretação feminina no Festival de Cannes; Terra estrangeira (1996), que consta na lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos; e, por fim, Casa de areia (2005), em dobradinha com a mãe, Fernanda Montenegro, e ambientado nos Lençóis Maranhenses. Vale a pena conferir ainda Fim (2023), uma série do Globoplay baseada no seu romance homônimo, uma pancada de tirar o fôlego durante os 10 episódios da trama.
Quanto a Walter Salles, eleito um dos 40 melhores cineastas do mundo pelo The Guardian, sua produção é estupenda de tão maravilhosa e instigante. Além de Terra estrangeira, já mencionado acima, alguns títulos são imprescindíveis nessa paixão pela Sétima Arte. Comecemos por Central do Brasil, filmaço que encantou o mundo com a extraordinária interpretação de Fernanda Montenegro, e que levou Salles a ganhar o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, feito inédito entre os diretores nacionais.
Outro sensacional, a que não canso de assistir, é Abril despedaçado, uma saganordestina marcada pela violência entre famílias tradicionais que, descrita sob um olhar poético, ganha ares de um cancioneiro amoroso e fraternal. E pra fechar, nada mais recomendável do que Diários de motocicleta, relato das viagens de Che Guevara, na juventude, pela América do Sul, ainda acadêmico de medicina e antes de se tornar um dos líderes da revolução cubana.
Mas, cá entre nós, vamos concordar que, independente do resultado do Oscar, mesmo se a gente não levar nenhum dos prêmios, Fernanda Torres e Walter Salles já fizeram história e, portanto, são grandes vencedores. Afinal, não é pouco coisa, depois de vários anos, recolocar o filme brasileiro numa disputa com os melhores do mundo. Não bastasse isso, nosso longa já ganhou 38 prêmios até aqui, desde que iniciou sua exibição no circuito de festivais. E o mais legal é observar as salas de cinema, dentro e fora do país, lotadas de espectadores emocionados ao assistirem Aindaestou aqui, com a dramática história da família Paiva, vítima da ditadura militar.
Sem falar de constatarem e aplaudirem o talento das nossas atrizes e atores e, voltando aos anos 1970, realizarem uma lindíssima viagem à trilha sonora escolhida a dedo. Como torcemos pela vitória, não importando o placar, se de 1 ou 2 ou 3 golaços, a festança promete ser das mais animadas, um misto de Copa e Carnaval. Já imaginaram o tamanho da folia?
Fernanda Torres e Walter Salles / Foto: Getty Images
