O Piaui no radar do IDHM- 2017


Antonio José Medeiros

Antonio José Medeiros Foto: Cepro

Em artigo publicado  em 09.04.2019, eu comentava: “O IPEA e PNUD passaram a calcular o IDHM dos estados para o período intercensitário, com base na PNAD Contínua que tem uma amostra maior. (...) Não foram divulgados os dados para 2015, 2016 e 2017 ou o IPEA desistiu de continuar calculando.” Pois bem: na semana passada foram divulgados os dados relativos a 2016 e 2017, ficando a descoberto o ano de 2015 para as Unidades da Federação, embora tenha sido calculado anteriormente para o Brasil.

O Piauí teve a seguinte evolução para o IDHM Geral: 2011 – 0,644 (mais baixo que 0,646 em 2010, calculado com base no Censo Demográfico), 2012 – 0,664, 2013 – 0,671 e 2014 – 0,678. Agora, foram divulgados os dados para 2016 – 0,690, e 2017 – 0,697. Uma boa notícia: estamos a 0,003 pontos de 0,700; com certeza atingiremos o nível alto do IDHM em 2020; é provável que já atinjamos esse valor em 2018.

Como evoluíram as três Dimensões que compõem o IDHM: Longevidade, Educação, Renda?

Para a Longevidade, tivemos a seguinte evolução: 2011 – 0,752, 2012 – 0,755, 2013 – 0758, 2014 – 0,761. O dado novo é o seguinte: 2017 – 0,771 (a nova publicação do IPEA não registra os dados para 2015 e 2016). Chama a atenção que o cálculo com base na amostra da PNAD, na série 2011-2017, dá um resultado para todos os anos menor que em 2010, que foi de 0,777. De todo modo, mantém-se o nível alto de IDHM-Longevidade e há uma evolução dos índices ao longo do período 2011-2017, no cálculo baseado apenas na PNAD, embora tenhamos crescido pouco: 0,019 pontos.

Para a Educação, o desempenho foi o seguinte: 2011 – 0,553 (maior que o valor de 2010, calculado com base no Censo – 0,547), 2012 – 0,576 (esta nova publicação do IPEA registra o valor 0,598, a meu ver equivocadamente), 2013 – 0,597, 2014 – 0,612; e agora o valor para 2017 -  0,666 (não foi divulgado o valor para 2015 e 2016). É um resultado bom. Como crescemos 0,119 pontos entre 2010 e 2017, é possível crescermos 0,034 até 2020, e assim atingirmos em educação o valor 0,700, conquistando o nível alto do IDHM.

Para a dimensão Renda, a evolução foi a seguinte: 2011 – 0,627 (abaixo do valor de 0,634 para 2010, calculado com base no Censo), 2012 – 0,662, 2013 – 0,657, 2014 – 0,661; e os dados divulgados agora:  2016 – 0,665 e 2017 – 0,660. Como se pode observar, há uma oscilação nos números, que tem a ver com o ritmo incerto de crescimento do PIB. Crescemos apenas 0,026 pontos de 2010 para 2017; dificilmente cresceremos 0,040 pontos que precisamos para atingir 0,700 em 2020, considerando que a economia continua patinando numa taxa de crescimento do PIB em torno de 1% tanto no Brasil como no Piauí.

Permanecer no nível médio no IDHM-Renda, não impede que o IDHM-Geral atinja o nível alto; com os valores que vamos atingir nas Dimensões Longevidade e Educação consolidamos essa posição.

Como se situa o Piauí em relação ao Brasil e aos demais estados da Federação?

O IDHM-Geral do Brasil em 2010 foi de 0,727 e o do Piauí, como visto acima, foi de 0,646; portanto, uma diferença de 0,081 pontos. Os dados agora divulgados sobre a evolução entre 2012 e 2017 permitem a seguinte comparação: em 2012 – Brasil: 0,745 e Piauí: 0, 664, a mesma diferença de 0,81 pontos; em 2017 – Brasil: 0,774 e Piauí: 0,697, uma diferença de 0,077 pontos. Melhoramos um pouco a nossa posição em relação à média brasileira.

            E agora em 2017, continuamos à frente dos estados de Alagoas (0,683) e Maranhão (0,687); o Pará que estava com um índice menor que o do Piauí em anos anteriores, agora ficou um pouco à frente, com 0,698.

            O IDHM ganhou importância para avaliar os modelos de desenvolvimento porque incorpora variáveis sociais além da econômica (a renda per capita). De 2000 a 2015 os vários indicadores sociais do Piauí, do Nordeste e do Norte melhoraram bastante, pelo impacto das políticas de transferência de renda, valorização do salário mínimo e facilidades de crédito. A partir de 2015 (ainda no governo Dilma) passamos a enfrentar uma crise de crescimento, mas mantivemos as políticas sociais. A crise econômica continuou no governo Temer, com redução do PIB em 2016 e baixo crescimento em 2017 e 2018; e o desemprego continuou (e continua) alto. Mas as políticas sociais não sofreram um grande desmonte.  Provavelmente, por esta razão, o IDHM continua melhorando, apesar da crise econômica.

            Hoje, com o novo governo, o Nordeste está sob a ameaça de regresso na implementação de políticas sociais. Haverá um impacto na evolução do IDHM, inclusive do Piauí?

            Por outro lado, está claro que, para o Piauí e para o Nordeste, o grande desafio é a Dimensão Renda. Tudo indica que o desenvolvimento com base na transferência de renda chegou ao seu limite. O desafio é avançar no aumento da produção e da produtividade. O IDHM incorpora o social, mas não desconhece a importância do crescimento econômico para qualquer modelo de desenvolvimento.

Antonio José Medeiros

Sociólogo, professor aposentado da UFPI

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Antônio José Medeiros

É sociólogo, professor aposentado da UFPI. Licenciado em Filosofia pela UFPI e Mestre em Ciências Sociais pela PUC/SP. Foi professor em escolas estaduais de nível médio do Piauí, em 1968 e 1971 e na UERJ e Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, em 1973 e 1974. Trabalhou como técnico sênior na CEPRO/SEPLAN-PI e coordenou o Setor de Educação do Polonordeste na SEDUC-PI, de 1978 a 1980. Professor concursado da UFPI, onde trabalhou de 1981 a 2007.
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