Olhe Direito!

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Os dias das árvores

É evidente que uma ação individual nossa poderá ser pouca diante do tamanho do desafio de mitigar os efeitos deletérios de devastação de biomas no país

Alvaro Mota

Sexta - 23/09/2022 às 17:41



Foto: Divulgação Árvore Penteada
Árvore Penteada

O Dia da Árvore – 21 de setembro – celebra-se no Brasil porque na parte mais meridional do país tem-se o nesta data o início da primavera de modo mais definido.  No Norte e Nordeste, tem-se uma efeméride com o mesmo fim, instituída pelo Decreto Federal 55.795, de fevereiro de 1965, que determinou a celebração da Festas Árvores, na última semana de março, nos Estados nordestinos e amazônicos, em face das características climáticas dessas duas regiões em relação à porção mais austral do país, as regiões Sul e o Sudeste.

Colocar duas datas quando a mais celebrada é 21 de setembro convém para que, para além da importância da árvore como espécie vegetal própria, se perceba a importância desse ser vivo de modo sistêmico e nos diversos biomas que o Brasil tem – pelo menos seis, segundo se consegue saber em uma busca rápida em livro ou na internet.

A celebração do Dia da Árvore, em 21 de setembro, ou da Festa das Árvores, na última semana de março, importa como um espaço de tempo para a gente focar no que realmente importa: um continuado processo de conservação e preservação de ecossistemas, que, embora diversos e separados por condições de clima e solo, interligam-se e têm uma relação de interdependência.

Já está mais que provado que o Cerrado é a “caixa d’água” do Brasil, que a Floresta Amazônica forma “rios voadores”, quando as árvores “bombeiam” as águas das chuvas de volta à atmosfera, através de um fenômeno denominado evapotranspiração; que sem esses “rios” boa parte do Sudeste do Brasil seria um deserto e mais deserto ainda seria o Semiárido Nordestino. Ou seja, se cerrado e floresta amazônica se degradarem em medidas extremas, haverá efeitos devastadores sobre a Mata Atlântica, os Pampas e a Caatinga.

Parece um cenário catastrófico demais, mas não é. O avanço acelerado da devastação sobre ecossistemas brasileiros pode ser danoso para todo o país e para o mundo, posto que se os ecossistemas são diferentes, as influências climáticas que eles produzem ou que lhe causam danos têm efeitos globais.

É evidente que uma ação individual nossa poderá ser pouca diante do tamanho do desafio de mitigar os efeitos deletérios de devastação de biomas no país, mas neste caso a gente precisa lembrar a parábola do passarinho que, diante de um grande incêndio na floresta, passa a tentar apagar o fogo pingando água sobre as chamas. Diante do que consideravam um esforço vão, os outros animais desacreditam na possibilidade de êxito do pássaro, mas este, ciente de suas responsabilidades, lembra que importante é estar fazendo a sua parte. É isso: temos todos que fazer nossa parte pela conservação das árvores e dos biomas nos quais elas se inserem.

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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